Um diretor da J&F no inquérito sobre venda de sentenças no Piauí
Francisco de Assis e Silva recebeu 400 mil reais do lobista Juarez Chaves de Azevedo Júnior, apontado como um dos operadores do esquema no TJ-PI
Relatórios de inteligência financeira elaborados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que o diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis e Silva, recebeu 400 mil reais do lobista Juarez Chaves de Azevedo Júnior, investigado no inquérito que apura a venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI).
Segundo O Estado de S.Paulo, o executivo foi o beneficiário de pelo menos três repasses realizados entre junho de 2022 e agosto de 2024 pelo lobista, apontado como um dos operadores do esquema.
Foram duas transferências de 150 mil reais e uma de 200 mil reais no período.
A firma do diretor da J&F aparece, no inquérito, conduzido pelo Superior Tribunal de Justiça, em uma lista de pessoas e empresas que receberam quantias “relevantes” de Juarez Chaves de Azevedo Júnior.
A “natureza ou relação negocial não foi, até o momento, devidamente justificada nos autos”, diz o relatório.
O que diz o diretor
Braço direito dos irmãos Joesley e Wesley Batista, Francisco de Assis e Silva confirmou o recebimento dos valores, mas negou que tenham relação com a J&F.
“É um grupo de advogados que eu assessorei num parecer jurídico. Eles me remuneraram, eu paguei meus impostos e eles me pagaram na conta corrente. Tudo certo”, disse o diretor jurídico ao jornal.
Todavia, ele não contou a que se tratava o parecer.
“Está protegido pelo sigilo advogado-cliente”.
A defesa do lobista disse ao jornal que Francisco de Assis e Silva foi escolhido porque era um dos advogados “com melhor trânsito” entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
E a J&F?
A J&F afirmou, por meio de nota, que “o advogado Juarez Chaves de Azevedo Júnior nunca prestou serviço ao grupo J&F, que não pode comentar eventuais pagamentos por atividades advocatícias que não envolvem o grupo”.
A holding dos irmãos Batista não se manifestou sobre a atuação paralela de Francisco de Assis e Silva em seu escritório particular.
Venda de sentenças no Piauí
As investigações apontam que o lobista Juarez Chaves de Azevedo Júnior recebeu pelo menos 21 milhões de reais em propina.
Ele é apontado um intermediário na venda de sentenças para interessados em obter decisões favoráveis do desembargador José James Gomes Pereira, do TJ-PI.
Segundo o inquérito, ele recebia o dinheiro e o repassava para a advogada Lia Rachel, filha do magistrado.
A defesa de José James e da filha nega que eles estejam envolvidos em ilegalidades.
Atualização: Inicialmente, o Estadão publicou que Francisco de Assis e Silva era diretor jurídico da JBS, e não da J&F. A correção foi feita a pedido da empresa.
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