No depoimento de sábado, Sergio Moro “acusou Jair Bolsonaro de interferir na nomeação da direção fluminense da Polícia Federal”, diz Helio Gurovitz.

“A tentativa de nomear um pau mandado em tal circunstância configura o uso privado de uma instituição pública. É um crime de responsabilidade óbvio – como se já não os houvesse de sobra –, que poderia ser motivo para impeachment. Continua improvável, contudo, um processo de impeachment em plena pandemia (…).

Dar atenção demasiada a Bolsonaro é entrar no seu jogo. Ignorá-lo é deixar prosperar um autocrata em formação. Não há saída do dilema. Dois números serão decisivos para definir os desdobramentos. Primeiro, a contabilidade crescente dos mortos, inextricavelmente associada a Bolsonaro, que desde o início fez questão de desdenhar a pandemia. Segundo, o efeito do quadro macabro na popularidade dele. Até agora, Bolsonaro tem resistido ao abalo. Não se sabe por quanto tempo.”