TSE multa bolsonaristas por associarem Lula ao satanismo
Os senadores Cleitinho e Flávio Bolsonaro e os deputados federais Carla Zambelli e Gustavo Gayer foram multados em R$ 50 mil
Os senadores Cleitinho (Republicanos-MG) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO) foram condenados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por disseminação de propaganda eleitoral negativa contra o presidente Lula (PT) durante a campanha de 2022.
Em julgamento nesta quinta-feira, 23, o TSE impôs uma multa de R$ 30 mil aos parlamentares e para o cantor Roger Moreira e o blogueiro Bernardo Kuster. Os influenciadores Victor Stavale, de apelido Vicky Vanilla, Bárbara Zambaldi e Leandro Ruschel foram punidos com R$ 5 mil.
Em outubro de 2022, os envolvidos compartilharam um vídeo de Vicky Vanilla, que se apresenta como satanista, anunciando apoio a Lula. A ação, movida pela coligação encabeçada pelo petista, sustenta que o mesmo homem havia se manifestado contra o PT duas semanas antes, em outro vídeo.
Segundo a representação, o condenado declarou seu apoio a Lula “sabendo que isso prejudicaria o candidato em razão de, deliberadamente, defender a figura do anticristo”, e que a intenção nefasta dos representados é vincular o candidato ao “pecado e o seu ordenador, satanás”.
Julgamento
O relator, ministro Raul Araújo, votou por impor uma multa de R$ 10 mil aos parlamentares envolvidos, a Roger Moreira e a Bernardo Kuster, absolvendo os demais. Ele foi acompanhado pelos ministros Isabel Gallotti e Nunes Marques.
Na avaliação de Araújo, o vídeo, por si só, “não possui traço ofensivo, tampouco promove fatos sabidamente inverídicos ou descontextualizados”. Porém, em relação aos multados, o ministro entende que houve tentativa de atingir o processo eleitoral.
A divergência foi aberta pelo ministro Floriano Azevedo, acompanhado por André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes. No voto que determinou aumento da multa para os condenados, Alexandre de Moraes comparou o caso a práticas do chamado “gabinete do ódio”, que seria composto por auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro com o objetivo de minar reputações de opositores e adversários políticos.
“É exatamente igual ao que o famoso gabinete do ódio faz há seis anos. Se aproveita de um laranja e a partir da notícia de um laranja, passa a divulgar como se o fato fosse verdadeiro para tirar conclusões desairosas que afetariam a candidatura, uma vez que o discurso religioso e a pauta de costumes ligada à religião foi um dos principais temas da campanha presidencial de 2022”, disse.
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