Trento fica calado sobre acusações de lavagem de dinheiro e admite conhecer família Bolsonaro
O diretor de relações institucionais da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, ficou calado durante seu depoimento à CPI da Covid, ao ser confrontado diante de acusações de que ele fazia parte de um suposto esquema de lavagem de dinheiro...
O diretor de relações institucionais da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, ficou calado durante seu depoimento à CPI da Covid, ao ser confrontado diante de acusações de que ele fazia parte de um suposto esquema de lavagem de dinheiro comandado por Francisco Maximiano.
Nas poucas vezes em que Trento prestou informações aos senadores, ele admitiu conhecer integrantes da família Bolsonaro, negou que o lobista Marcony Faria tenha prestado serviços à Precisa Medicamentos ou que tenha procurado o líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), para que ele favorecesse a empresa farmacêutica nas negociações pela vacina Covaxin.
Ao longo de boa parte do depoimento, Trento se negou a responder aos questionamentos dos senadores, beneficiado com um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal. Ele evitou falar até mesmo sobre questões simples, como o endereço da Primarcial Holding e Participações, empresa da qual é sócio. O gesto irritou os senadores e houve pedido de prisão.
Segundo investigações da CPI, a Primarcial foi usada para transferir recursos para outras empresas que são ligadas a Francisco Maximiano. Pela tese dos senadores, o dinheiro da corrupção no Ministério da Saúde entrava pela Precisa Medicamentos e era “lavado” por outras empresas de Maximiano e Trento.
Renan, por exemplo, apresentou um fluxograma em que a Primarcial e a empresa Berlim Participações fizeram transferências entre si. A Berlim recebeu R$ 4,7 milhões e transferiu R$ 5,6 milhões para a Primarcial.
A 6M, controlada por Francisco Maximiano, também recebeu recursos da Primarcial. A CPI identificou transferências da ordem de R$ 15,9 milhões da 6M para a empresa de Trento.
Outra empresa que recebeu recursos da Primarcial foi uma agência de turismo chamada Barão Turismo, localizada em Santa Maria (RS). Trento ficou calado quando foi incitado a explicar sobre transferências e sua participação acionária nessas empresas.
“A Barão Turismo é a lavadora de dinheiro e as transferências acontecem principalmente nos dias anteriores a 25 de fevereiro, quando o contrato da Precisa para a venda da Covaxin foi firmado com o Ministério da Saúde”, disse o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Trento também ficou calado quando foi questionado pelo fato de a Primarcial ter enviado R$ 78 mil para a empresa “Joias e Relógios Oliveiras”, uma joalheria de Curitiba. A suspeita da CPI é que um relógio Rolex tenha sido adquirido para beneficiar integrantes do governo federal.
Durante o depoimento, Trento disse que esteve em eventos públicos com Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), mas negou ter ajudado a mediar um encontro entre Francisco Maximiano, seu amigo, e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. A reunião, realizada em 13 de outubro do ano passado, contou com a participação do filho do presidente da República.
Ele também foi questionado se conhecia o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Ele, por sua vez, negou qualquer ter relações com o parlamentar.
Em mensagens enviadas ao lobista Marconny Faria, que estão em posse da CPI, porém, Trento disse: “O Eduardo me conhece”, em referência ao filho do presidente da República.
Trento também negou ter pressionado o líder do governo Ricardo Barros (PP-PR) a apresentar uma emenda em uma medida provisória que beneficiou a vacina Covaxin e declarou que Marconny Faria não trabalhou para a Precisa Medicamentos.
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