Tragédia no RS amplia importância política da COP 30
O evento, com 140 líderes mundiais, discutirá os caminhos do planeta para o meio ambiente, pauta em relação a qual o Brasil, como anfitrião e guardião da Amazônia, quer, agora mais do que nunca, exercer papel político de liderança global.
“Todos os lugares no Brasil que já têm histórico de enchentes veem-se agora sob risco iminente de novas cheias descomunais, sobretudo em lugares com encostas, a que acresce o risco de desabamentos”, diz Marcus Nakagawa, professor de Responsabilidade Socioambiental e Sustentabilidade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Ainda segundo Nakagawa, “estes lugares atingidos estavam mapeados por cientistas, geógrafos e demais estudiosos que trabalham com a crise climática.”
No ano passado, o Brasil somou 1161 desastres naturais, mais de três por dia, em média. É um recorde, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), desde que os registos começaram em 2011.
São enchentes, como no Rio Grande do Sul, mas ainda incêndios florestais, ondas de calor e secas. “Os eventos extremos ou raros estão cada vez mais frequentes e mais extremos e é de esperar que isto continue”, disse à AFP José Marengo, coordenador de pesquisa do Cemaden.
Seca histórica no Pantanal
A geografia brasileira singular explica a vulnerabilidade. Abafada pelas notícias sobre a calamidade no Sul do país, tem passado despercebida a maior seca em 61 anos no Pantanal, bioma no Centro-Oeste do país, classificada como “crítica” pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, por défice chuvoso de 30%.
Segundo Márcia Seabra, a coordenadora do Instituto Nacional de Meteorologia, “há um bloqueio atmosférico na parte central do Brasil atualmente”. “Essa obstrução causa as ondas de calor nas regiões centrais e impede que a frente fria do Sul se desloque para outras regiões do país, o que explica o volume enorme de chuvas no Rio Grande do Sul e a seca na parte central, atingindo o Pantanal”, explicou
COP 30
O estado do Pará se prepara para receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência. Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP”, formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.
Três convênios envolvendo os governos federal, paraense e a prefeitura de Belém foram assinados no dia 6 de maio, em cerimônia no Palácio do Planalto. Eles preveem investimentos de mais de R$ 1,3 bilhão de investimentos em melhorias na capital do Pará, visando a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30).
O desastre no Rio Grande do Sul acabou ampliando a importância da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, que será realizada em Belém, no Pará, em 2025.
O evento, com 140 líderes mundiais, discutirá os caminhos do planeta para o meio ambiente, pauta em relação a qual o Brasil, como anfitrião e guardião da Amazônia, quer, agora mais do que nunca, exercer papel político de liderança global.
Para Marcus Nakagawa, professor de Responsabilidade Socioambiental e Sustentabilidade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), “na COP 30, os casos de enchentes serão obrigatoriamente debatidos mas não apenas eles, também os dos impactos das secas nos rios no norte do país, estas evidências tristes e catastróficas são a prova da necessidade e da importância de discussões como a COP 30 mas ainda de ações dos poderes públicos”.
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