Torres à PF: documentos como a minuta eram “entregues em diversos órgãos”
Trecho integra os depoimentos à PF sobre a tentativa de golpe de Estado que tiveram o sigilo quebrado nesta sexta
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres (foto) disse à Polícia Federal (PF) que documentos como a minuta encontrada em sua casa em Brasília com decreto de estado de sítio e anulação das eleições de 2022 estavam “banalizados”.
O trecho integra os depoimentos sobre a tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder, que tiveram o sigilo quebrado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, nesta sexta-feira, 15 de março.
Segundo o relatório da PF sobre o depoimento de Torres, de 22 de fevereiro, o ex-ministro disse que documentos como a minuta estavam “banalizados e sendo entregues em diversos órgãos públicos”.
Torres ainda afirmou que “jamais levou aquele texto ao conhecimento do então presidente da República ou de qualquer pessoa” e que o documento “ficou ali para ser descartada como lixo”.
Segundo seu depoimento à PF, Torres considerou o texto como “mal redigido e uma aberração jurídica”.
O que disse Valdemar à PF?
Em depoimento prestado à Polícia Federal em 22 de fevereiro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que foi pressionado por deputados e por Jair Bolsonaro a questionar a lisura do processo eleitoral no final de 2022.
Segundo informações prestadas por Valdemar, após a auditoria assinada pelo Instituto Voto Legal (IVL), ele sofreu pressão tanto do ex-presidente quanto de parlamentares para ingressar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) questionando o resultado das urnas.
Na época, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, não somente indeferiu o pedido de Valdemar como impôs uma multa de 22 milhões de reais ao PL por litigância de má-fé.
Pressão
“Indagado se o então presidente Jair Bolsonaro insistiu com o declarante para ajuizar ação no TSE questionando o resultado das urnas eletrônicas, [Valdemar] respondeu que, quando houve o vazamento do relatório do IVL, os deputados do Partido Liberal e então presidente Bolsonaro o pressionaram para ajuizar tal ação no TSE”, registra o termo de depoimento da PF.
Valdemar também reafirmou aos agentes da PF que nunca concordou com as falas do ex-presidente da República sobre eventuais fraudes nas urnas “pois já participou de várias eleições e nunca presenciou nada que desabonasse o sistema eleitoral brasileiro”.
Ainda pelas informações prestadas por ele, o IVL foi apresentado ao partido pelo então candidato ao senado e ex-ministro Marcos Pontes.
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