Toffoli remói a narrativa dos grampos de Youssef
Ministro do STF enviou a PGR e AGU, entre outros, documentos de investigação já arquivada por falta de provas para que as autoridades tomem "as providências que entenderem cabíveis"
O ministro Dias Toffoli (foto), do Supremo Tribunal Federal (STF), resgatou nesta quinta-feira, 21, a narrativa sobre os grampos encontrados, em 2014, na cela do doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros detidos pela Operação Lava Jato.
O resgate foi destacado pelo site do STF, como a principal notícia, e com direito a postagem nas redes sociais do tribunal, que não costuma dar a mesma atenção a todas as decisões de seus ministros — o que reforça o fato de que Toffoli está apenas remoendo uma não-questão.
De acordo com a nota publicada pelo próprio STF, “em sua decisão, Toffoli observou que o Ministério Público Federal (MPF) não constatou a prática de crimes após sindicância que investigou cinco delegados e um agente da Polícia Federal e pediu o arquivamento da investigação”.
“Mas…”
Para Toffoli, contudo… “a apuração administrativa da 13ª Vara Federal não deixa dúvidas de que a captação ambiental ilícita de diálogos de fato ocorreu, envolvendo Youssef e outras pessoas que interagiram com ele enquanto esteve na carceragem da PF em Curitiba”.
“Em razão disso, o ministro determinou o envio da PET e dos documentos à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Advocacia-Geral da União (AGU), à Controladoria-Geral da União (CGU), ao Tribunal de Contas da União (TCU), ao Ministério da Justiça, à Diretoria da Polícia Federal e à Presidência do Congresso Nacional”, informou o STF, complementando que “caberá a essas autoridades e instituições tomar as providências que entenderem cabíveis”.
Appio
Em julho de 2023, o delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo, que presidiu inquéritos da Lava-Jato, pediu o trancamento da ação que investigava o suposto grampo ilegal.
Quem tentou reabrir a investigação foi o juiz Eduardo Appio, que assumiu a Lava Jato após a saída de Gabriela Hardt e acabou afastado por conduta imprópria.
Apesar da falta de provas já constatada pela PF e pelo Ministério Público, a narrativa dos grampos de Youssef vem sendo requentada há anos na tentativa de desgastar a Lava Jato.
Custo Toffoli
As recentes decisões de Toffoli que resultaram na anulação de atos judiciais e arquivamento de ações envolvendo alvos da Lava Jato já impactaram processos com pedidos de ressarcimento e danos que superam 17 bilhões de reais.
O ministro do STF já favoreceu 115 condenados pela operação que pediram a anulação de provas ou atos no último ano, na esteira de uma decisão do ex-ministro Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça de Lula, e referendada pela Segunda Turma, que anulou as provas da Odebrecht, atual Novonor, usadas para condenar Lula.
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Comentários (4)
Marian
21.11.2024 12:56O país retrocede à velocidade de um foguete de Musk. Tanto esforço realizado pelos brasileiros. Afinal, as capitanias hereditárias acabaram?
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
21.11.2024 12:31Que tipo de dobradinha tem em mente ao enviar esse trambolho para o presidente do Congresso Nacional? O que esses dois estão tramando? Aguardando as cenas dos próximos capítulos. Isso não se trata de ponto sem nó.
Clayton De Souza pontes
21.11.2024 12:07O PToffoli está firme na sua atuação como ministro de defesa do PT, tentando ressignificar os achados de corrupção da Lava Jato. Vergonha de corte aparelhada pra blindar corruptos amigos
Edmilson Siqueira
21.11.2024 11:59Um dia a história julgará a indecência da atuação de Toffoli como ministro do STF.