Terceira Via unificada ganha eleição
Quem conversa com pesquisadores e cientistas políticos sabe que eles têm um repertório de máximas retirado da história das eleições brasileiras. São frases como "candidato à reeleição que chega ao segundo turno em desvantagem perde", "político com menos de 10% em janeiro não vai para o segundo turno" ou, cruel no cenário atual, "Terceira Via não ganha eleição no Brasil". Muita gente ouve essas frases e acha que são previsões do futuro, mas não...
Quem conversa com pesquisadores e cientistas políticos sabe que eles têm um repertório de máximas retirado da história das eleições brasileiras. São frases como “candidato à reeleição que chega ao segundo turno em desvantagem perde”, “político com menos de 10% em janeiro não vai para o segundo turno” ou, cruel no cenário atual, “Terceira Via não ganha eleição no Brasil”.
Muita gente ouve essas frases e acha que são previsões do futuro, mas não. Elas indicam probabilidades: aquilo que tem mais chance de acontecer quando as circunstâncias não variam muito.
Perguntei nesta semana a um profissional com décadas de experiência em eleições o que a história tem a dizer sobre a unificação de candidaturas de Terceira Via. A resposta foi: nada.
Até onde ele pudesse se lembrar, não há exemplo de candidatura alternativa que tenha resultado de um gesto de desapego e conciliação de diversos postulantes.
Portanto, se isso acontecesse, a disputa de 2022 passaria a ter algo de imponderável, algo que ainda não foi testado.
Nessas situações, apostas feitas com base no passado valem menos. É quando as surpresas ganham vida.
Esse é apenas um outro modo de dizer aquilo que todos os eleitores que desejam ver rompida a polarização entre Lula e Bolsonaro já sabem: fragmentada, a Terceira Via não vai longe. Esse cenário, sim, já foi testado várias vezes. Não há motivos para acreditar que o resultado será diferente desta vez.
Segundo o pesquisador com quem falei, a discussão sobre uma candidatura de consenso é um pouco mais complexa do que parece. Ela deve levar em conta tanto as intenções de voto quanto os índices de rejeição – o que significa que tanto Sergio Moro quanto uma candidata pouco rejeitada como Simone Tebet deveriam ser mantidos na equação neste momento.
Outro fator a se levar em conta é a vontade dos partidos. Ela talvez seja ainda mais significativa que a dos candidatos.
O PSD, por exemplo, não lançou Rodrigo Pacheco à presidência porque espera que ele ganhe. Lançou-o, porque não quer se comprometer nem com Lula nem com Bolsonaro no primeiro turno, deixando seus candidatos nos Estados livres para subirem no palanque que lhes for mais conveniente. Se a região for lulista, apoia-se Lula; se for bolsonarista, apoia-se Bolsonaro. Se Pacheco passar por ali, aperta-se a sua mão sem fazer muito alarde. Com isso, a legenda tem mais chances de eleger muitos deputados federais, algo determinante na hora da divisão do fundo partidário.
Nunca é fácil mudar a história. Há muitos interesses e muitas variáveis a se levar em conta. Mas é cedo para jogar a toalha. O ano de 2022 ainda pode acrescentar uma nova máxima ao repertório dos cientistas políticos: Terceira Via unificada ganha eleição.
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