Tebet, Vieira e Eliziane, os independentes da CPI
Como não poderia deixar de ser, a CPI da Covid foi uma grande vitrine para senadores, interessados direta ou indiretamente em 2022. Mas, entre eles, houve aqueles que a souberam usar de forma legítima e independente, ao contrário dos oportunistas de sempre. Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Simone Tebet (MDB) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não tinham vaga entre os titulares, foram fundamentais, ao longo das investigações, para desvendar alguns dos pontos mais nebulosos dos escândalos de corrupção envolvendo o governo...
Como não poderia deixar de ser, a CPI da Covid foi uma grande vitrine para senadores, interessados direta ou indiretamente em 2022. Mas, entre eles, houve aqueles que a souberam usar de forma legítima e independente, ao contrário dos oportunistas de sempre.
Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Simone Tebet (MDB) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não tinham vaga entre os titulares, foram fundamentais, ao longo das investigações, para desvendar alguns dos pontos mais nebulosos dos escândalos de corrupção envolvendo o governo.
Em abril, o número diário de mortes por Covid subia diariamente, enquanto Rodrigo Pacheco continuava sentado sobre o requerimento apresentado por Randolfe Rodrigues para instalar uma CPI para investigar os crimes cometidos pelo governo federal durante a pandemia.
Alessandro Vieira e o senador Kajuru entraram, então, com uma ação no STF, para que a Corte determinasse a instauração da comissão. O ministro Luís Roberto Barroso acatou o pedido, em obediência à Constituição e ao regimento interno do Senado, e a CPI foi finalmente instalada.
Em meio à disputa do governo e da oposição por um assento na comissão, Vieira conseguiu apenas uma vaga de suplente.
Tebet e Eliziane ficaram de fora. Com 11 titulares e 7 suplentes, os partidos não escolheram nenhuma mulher para compor o grupo. A ausência foi motivo de embates em uma das primeiras sessões.
As senadoras levantaram uma discussão sobre gênero, defendendo que deveriam ter o direito à palavra nos mesmos parâmetros que os demais integrantes da comissão. Senadores governistas se irritaram com o questionamento, mas o presidente da CPI, Omar Aziz, acabou consentindo com o pedido.
Com o transcorrer das sessões, Tebet, Eliziane e as demais componentes da bancada feminina se tornaram unanimidades, contribuindo com clareza nas suas intervenções, perguntas fundamentais durante os depoimentos e falas contundentes.
O mesmo ocorreu com Vieira, que se destacou por sua experiência como delegado de polícia. O senador demonstrou ser muito mais objetivo e preciso em seus questionamentos do que o relator Renan Calheiros, que muitas vezes fugia do cerne das suspeitas, mas que conquistou os holofotes ao passar informações para jornalistas escolhidos a dedo.
A habilidade dos senadores independentes ficou ainda mais evidente quando a CPI começou a se debruçar sobre suspeitas de corrupção na compra de imunizantes.
Em junho, o deputado Luis Miranda afirmou, com exclusividade a O Antagonista, que Jair Bolsonaro foi informado sobre as irregularidades no contrato da Covaxin. A denúncia fez com que ele fosse convocado a depor, diante das suspeitas de que o presidente havia prevaricado.
Durante toda a sessão, Miranda dizia que Bolsonaro, ao ser comunicado, teria mencionado o nome de um parlamentar que estaria ligado ao escândalo. O depoente se recusava a dizer quem era.
Nesse contexto, depois de horas de oitiva, Vieira fez criticou a postura de Miranda e afirmou que ele não tinha coragem suficiente para dizer o nome do deputado Ricardo Barros.
“O senhor não está tendo a coragem de falar o nome de Ricardo Barros. Claramente, está lhe faltando coragem. É a figura que é referida em todos os corredores quando se fala desse caso. Está é a oportunidade para que o senhor exercite, de fato, a coragem que o senhor propala na internet.”
Na sequência, depois de uma intervenção de Simone Tebet, Miranda finalmente admitiu que Bolsonaro havia citado o nome de Barros.
O desempenho dos senadores independentes na CPI aumentou os rumores de que eles pudessem se lançar candidatos à presidência da República em 2022. Tebet, que já conversava com nomes cotados para compor a terceira via, ganhou apoio de alguns setores do MDB.
Em julho, o presidente do partido, Baleia Rossi, admitiu que a senadora era um bom nome para a eleição presidencial e, em dezembro, a sua pré-candidatura foi formalizada.
O nome de Vieira também passou ser ventilado com mais frequência para concorrer ao Planalto. Em agosto, seu partido, o Cidadania, anunciou sua pré-candidatura à Presidência.
Em setembro, Tebet e Vieira participaram de uma manifestação organizada pelo MBL na Avenida Paulista e fizeram discursos duros, voltados para 2022.
O protesto, no entanto, foi um fiasco e reuniu muito menos pessoas do que o esperado. Mas o brilho de ambos não foi empanado por causa disso.
Em novembro, o MDB lançou a pré-candidatura de Tebet a Presidência. O nome não era unânime no partido.
Eliziane Gama, por sua vez, teve o nome sugerido para ser a vice de Sergio Moro.
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