Suzane von Richthofen pode assumir um cargo público? Suzane von Richthofen pode assumir um cargo público?
O Antagonista

Suzane von Richthofen pode assumir um cargo público?

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 15.09.2024 21:30 comentários
Brasil

Suzane von Richthofen pode assumir um cargo público?

Os candidatos com antecedentes criminais podem participar em concursos públicos no Brasil?

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 15.09.2024 21:30 comentários 0
Suzane von Richthofen pode assumir um cargo público?
Suzane von Richthofen Tenta Ingresso no Serviço Público. Foto: Reprodução/Portal Metrópoles

Um dos requisitos fundamentais para assumir um cargo público em São Paulo é “ter boa conduta”, conforme o estatuto dos servidores do estado. Esse requisito envolve, dentre outras coisas, a apresentação de antecedentes criminais, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Contudo, advogados entrevistados pelo g1 afirmam que a condenação de Suzane von Richthofen, por exemplo, não deve ser um impedimento para sua participação em concursos ou até mesmo para assumir cargos públicos.

O edital de concurso de escrevente estabelece que os participantes não podem ter sido condenados por atos de improbidade, crimes contra o patrimônio, a administração e a fé pública, crimes sexuais ou previstos na lei de drogas. No entanto, não há especificações sobre homicídio. Além disso, Suzane pode ser beneficiada por uma tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em outubro do ano passado, que deve ser considerada em todos os processos semelhantes a partir de então.

“Condenados podem assumir cargos públicos”, diz STF

De acordo com o STF, “condenados aprovados em concursos públicos podem ser nomeados e empossados”, desde que não haja “incompatibilidade entre o cargo a ser exercido e o crime cometido” ou “conflito de horários entre a jornada de trabalho e o regime de cumprimento da pena”. Isso significa que, no caso de Suzane, não haveria impedimento se o concurso proibisse a participação de candidatos condenados por fraude de documentos, por exemplo, pois um escrevente lida diretamente com tais ações.

A advogada Marcela Barretta, especialista em concursos públicos, explica que o crime de homicídio não deveria ser um impedimento, pois não tem relação direta com as funções exercidas no cargo de escrevente. As atribuições do cargo incluem suporte técnico e administrativo, andamento de processos judiciais e administrativos, atendimento ao público e elaboração de documentos.

Como é o concurso de escrevente do TJ-SP?

O concurso de escrevente do Tribunal de Justiça de São Paulo não exige ensino superior, apenas a conclusão do ensino médio, e oferece 572 vagas em vários municípios do estado. A primeira fase consiste em uma prova com 100 questões de múltipla escolha, que foi aplicada recentemente, mas uma nova aplicação será necessária em São Paulo capital devido a um erro de um fiscal.

O g1 confirmou que o novo nome de Suzane, sem o sobrenome Richthofen, estava na lista de convocados para a primeira fase no bairro Cambuí, em Campinas. Apesar disso, não foi confirmado se ela compareceu ao exame. Ao todo, 1.335 candidatos se inscreveram para concorrer às três vagas disponíveis em Bragança Paulista, e apenas 32 serão chamados para a segunda etapa, uma prova prática de digitação.

Afinal, candidatos com antecedentes criminais podem assumir cargos públicos?

Essa questão gera dúvidas frequentes, mas a resposta está cada vez mais clara: sim, podem. Hugo Almeida, coordenador do Núcleo de Execução Penal da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB-SP, aponta que a boa conduta requerida se refere ao comportamento do indivíduo enquanto funcionário público e não ao seu passado.

O professor Gustavo Badaró, da Faculdade de Direito da USP, acrescenta que uma pessoa pode ser considerada de má conduta sem ter cometido crimes, o que reforça a complexidade desse tipo de julgamento. Quando uma pessoa é condenada criminalmente, seus direitos políticos ficam suspensos durante o cumprimento da pena, mas a decisão do STF deixa claro que isso “não impede a nomeação e posse de candidato aprovado em concurso público”.

A Constituição Federal suspende o direito de votar e ser votado, mas não o direito ao trabalho. Almeida lembra que os editais de concurso e os estatutos dos servidores não podem sobrepor-se à Constituição e à Lei de Execução Penal, que visa a reintegração do preso ao convívio social.

Renan Freitas, outro especialista em concursos, enfatiza que regras impeditivas em editais, caso existam, podem ser contestadas judicialmente por serem inconstitucionais. Além disso, após dois anos de cumprimento da pena, a pessoa condenada pode solicitar sua reabilitação criminal, garantindo o sigilo de seus antecedentes, como destaca o professor de direito Pablo Moitinho.

No Brasil, não há prisão perpétua, e todos têm direito ao trabalho como meio de reintegrar-se à sociedade. O concurso de escrevente do TJ-SP segue em andamento, e as expectativas são altas, especialmente em casos que suscitam discussões tão importantes sobre reintegração e direitos fundamentais.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

A folha, a árvore, a floresta e Jair Bolsonaro

Visualizar notícia
2

PF indicia Bolsonaro e mais 36 por tentativa de golpe de Estado

Visualizar notícia
3

Relação do Brasil com a China de Xi Jinping alcança um novo patamar

Visualizar notícia
4

Jaguar se rende à cultura woke e é alvo de críticas

Visualizar notícia
5

Toffoli remói a narrativa dos grampos de Youssef

Visualizar notícia
6

Cid implica Braga Netto para salvar delação premiada

Visualizar notícia
7

Kassab projeta Tarcísio presidente até 2030

Visualizar notícia
8

Moraes mantém delação premiada de Mauro Cid

Visualizar notícia
9

O papel dos indiciados em suposta tentativa de golpe de Estado

Visualizar notícia
10

Putin comenta lançamento de míssil e ameaça o Ocidente

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Tarcísio defende Bolsonaro contra “narrativa disseminada”

Visualizar notícia
2

Agora vai, Haddad?

Visualizar notícia
3

"Não faz sentido falar em anistia", diz Gilmar

Visualizar notícia
4

A novela do corte de gastos do governo Lula: afinal, sai ou não sai?

Visualizar notícia
5

Líder da Minoria sobre indiciamentos: "Narrativa fantasiosa de golpe"

Visualizar notícia
6

Fernández vai depor na Argentina sobre suposto episódio de violência doméstica

Visualizar notícia
7

Crusoé: Morales acusa governo boliviano à ONU de violar direitos humanos

Visualizar notícia
8

Papo Antagonista: Indiciamento de Bolsonaro e bolsonaristas

Visualizar notícia
9

Gonet foi contra prisão de Cid após depoimento a Moraes; militar foi liberado

Visualizar notícia
10

Cid implica Braga Netto para salvar delação premiada

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

escrevente Suzane von Richthofen TJSP Tribunal de Justiça de São Paulo
< Notícia Anterior

Marisa registra prejuízo de mais de 100 milhões

15.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Espécies se espalham em meio a crise climática

15.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Tarcísio defende Bolsonaro contra “narrativa disseminada”

Tarcísio defende Bolsonaro contra “narrativa disseminada”

Visualizar notícia
Agora vai, Haddad?

Agora vai, Haddad?

Visualizar notícia
Mega-sena acumula e prêmio do próximo sorteio chega a R$ 18 milhões

Mega-sena acumula e prêmio do próximo sorteio chega a R$ 18 milhões

Visualizar notícia
Bahia em alerta para aumento no número de casos de coqueluche

Bahia em alerta para aumento no número de casos de coqueluche

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.