Separando o ministro do advogado
Mariz de Oliveira é advogado de Michel Temer nos processos da Lava Jato. Por isso ele não pode ser ministro. Há um conflito de interesse escandaloso. Quem vai impedir o advogado de usar o cargo de ministro para defender seu cliente?...
Mariz de Oliveira é advogado de Michel Temer nos processos da Lava Jato.
Por isso ele não pode ser ministro. Há um conflito de interesse escandaloso. Quem vai impedir o advogado de usar o cargo de ministro para defender seu cliente?
Nesta quarta-feira, o Estadão publica uma entrevista com Mariz de Oliveira.
Na primeira parte, ele fala como advogado de Michel Temer. Na segunda, como ministro. Mas um contamina o outro.
Veja aqui:
Estadão: O vice-presidente Michel Temer é citado por delatores na Operação Lava Jato e poderá ser alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal.
Antônio Claudio Mariz de Oliveira: O que eu posso afirmar é que em relação à Lava Jato houve menção ao Michel na delação de Delcídio (senador Delcídio Amaral) em duas oportunidades. Em 400 folhas de delação fala do Michel duas vezes. Em ambas ele fala a mesma coisa, repete declaração anterior, qual seja, a de que Michel, em 1997, teria indicado João Augusto Henriques para um cargo na Petrobrás. Posteriormente, teria indicado, e a expressão usada por Delcídio é “apadrinhado”, esse mesmo cidadão para ser diretor da Petrobrás. E também teria “apadrinhado” (Jorge) Zelada (ex-diretor de Internacional da estatal). Em 1997 Michel não conhecia João Henriques, só veio a conhecê-lo no início dos anos 2000.
Estadão: Como ministro da Justiça, o sr. poderá interferir nos rumos da Lava Jato?
Mariz de Oliveira: Não vejo nenhuma possibilidade de qualquer tipo de interferência do Executivo na Lava Jato. Acho até, de certa forma, uma irracionalidade acreditar que o presidente da República ou o ministro da Justiça possa interferir no andamento da Lava Jato.
Estadão: Por quê?
Mariz de Oliveira: O ministro da Justiça tem outros assuntos mais relevantes para cuidar do que se envolver em algo que não é da sua competência. E o presidente da República respeitará a separação dos Poderes. Não posso imaginar como o presidente ou o ministro iriam interferir junto ao Ministério Público e aos ministros dos tribunais superiores para que a Lava Jato não avance.
Sim, o presidente da República tem de respeitar a separação dos Poderes. Em primeiro lugar, a separação dos Poderes do ministro e do advogado.
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