Senadores não contemplados com emendas extras da Saúde em meio à pandemia falam em ‘toma lá, dá cá’
O Antagonista revelou na manhã desta segunda-feira (13) que, nas últimas semanas, emissários do Palácio do Planalto procuraram alguns senadores para oferecer a liberação de R$ 30 milhões em emendas extras...
O Antagonista revelou na manhã desta segunda-feira (13) que, nas últimas semanas, emissários do Palácio do Planalto procuraram alguns senadores para oferecer a liberação de R$ 30 milhões em emendas extras.
Os recursos, oriundos do Ministério da Saúde para o enfrentamento à Covid-19, estão sendo distribuídos apenas para um grupo de senadores, sem critérios claros por parte do governo.
Para não se indisporem com os colegas que aceitaram a verba, senadores não contemplados evitam falar publicamente em “toma lá, dá cá”. Mas, em reservado, a avaliação unânime é a de que tais emendas serão usadas pelo governo na tentativa de aumentar e reforçar sua base de apoio no Senado.
Leia o que alguns senadores não procurados pelo Planalto disseram ao site:
“Não fui procurada. A aplicação do recurso público tem que ser republicana. O que passa disso é barganha. Isso é grave e questionável”, disse a senadora Eliziane Gama, líder do Cidadania.
“Não cobro nenhuma fatura para me aproximar de governo, nem aceito emendas além daquelas que são distribuídas para todos em troca de apoio”, disse Jorge Kajuru (Cidadania).
“Eu não fui procurado por ninguém. Parece que alguns senadores são mais iguais que outros, são mais VIPs que outros. Todos os estados estão passando pela mesma dificuldade nesta pandemia, mas existe um grupo dos VIPs no Senado”, afirmou o senador Styvenson Valentim (Podemos).
“Não fui procurado por ninguém. Por conseguinte, não me foi oferecido valor algum. Jamais aceitaria barganhar para obter algum valor destinado ao Paraná”, disse o senador Flávio Arns (Rede).
“Ninguém me ofereceu isso, porque sempre deixei claro que não compactuo com esse tipo de prática. Se as emendas fossem devidamente publicizadas e pagas para todos os parlamentares, eu avaliaria a situação”, afirmou o senador Eduardo Girão (Podemos).
“Eu não fui procurado por ninguém, sou oposição ao governo. Não tenho contato com ninguém dali. Mas eu jamais aceitaria emenda em troca de favores”, disse o senador Otto Alencar, líder do PSD.
Por enquanto, os senadores Marcos do Val (Podemos) e Plínio Valério (PSDB) admitem ter recebido os R$ 30 milhões em emendas extras. Eles negam qualquer contrapartida.
Não é a primeira vez que a distribuição de verba extra no Senado não é feita de forma transparente pelo governo, nem segue critérios claros.
Em fevereiro deste ano, O Antagonista mostrou, com exclusividade, como, no apagar das luzes de 2019, um grupo privilegiado de congressistas conseguiu arrancar do Executivo um total de R$ 3,8 bilhões em créditos suplementares enviados para o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), então comandado por Gustavo Canuto. Os convênios foram negociados diretamente no ministério pelo grupo de líderes partidários ligados preferencialmente a Alcolumbre – sem critério conhecido e em detrimento da maioria dos parlamentares.
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