O deputado Félix Mendonça Júnior (foto), do PDT da Bahia, um dos 15 deputados do partido que votaram a favor da PEC dos Precatórios na madrugada de hoje, disse a O Antagonista que “não pode fazer nada” se seu posicionamento contribuir para a reeleição de Jair Bolsonaro.

“Veja bem, eu não sou eleitor de Bolsonaro, mas, se o governo Bolsonaro tiver posições que forem boas, eu vou votar a favor. Agora, se isso é… impactar direta ou indiretamente na eventual reeleição dele, a gente não pode fazer nada. O que for a favor da população brasileira, eu não posso votar contra porque isso vai favorecer o presidente eleitoralmente. Isso não é fator que pesa na votação, pelo menos não na minha.”

A PEC, que ainda precisará ser votada em segundo turno no plenário da Câmara, autoriza a gambiarra fiscal para que o governo federal consiga dinheiro para bancar o Auxílio Brasil, principal aposta do Centrão para reeleger Bolsonaro.

Mendonça Júnior disse que, ao votar a favor da PEC, obedeceu a orientação do líder do partido, Wolney Queiroz. Questionado sobre as consequências da gambiarra fiscal para a economia, ele respondeu:

“Já estamos com um problema grande [na economia]. [Estamos] entre a cruz e a espada. A gente não sabe realmente o que fazer.”

Para o parlamentar, que tentou amenizar a gambiarra fiscal, “o problema maior” no país são os juros altos.

“Resolveria essa PEC dos Precatórios com sobra bastante, se não aumentassem tantos os juros.”

Como noticiamos, Ciro Gomes suspendeu sua pré-candidatura ao Planalto em razão da postura de parte da bancada pedetista na votação. Mendonça Júnior disse que pode mudar o seu voto, se houver nova orientação da liderança do partido.

“É uma PEC difícil. [Meu voto] pode ser mudado, mas com debate interno no partido, não com anúncio simples de suspensão [de pré-candidatura por parte do Ciro]. Se houver nova orientação do partido, para votar contra, isso, sim, mudaria o meu voto. Não vejo nenhum problema em mudar. Na democracia, faz parte isso aí.”

Perguntamos se o deputado participou de alguma negociação para liberação de emendas atrelada à votação da madrugada de hoje. Ele negou e ainda se mostrou surpreso:

“Está tendo isso, é?”