Rodolfo Borges na Crusoé: Comprando e vendendo sonhos
Apesar de ter entregado o Cruzeiro numa situação bem melhor do que recebeu, Ronaldo deixou o comando do clube no clima pesado de Arthur Miller
Em sua coluna esportiva para a edição de número 313 da Crusoé, Rodolfo Borges escreve sobre a venda do time do Cruzeiro, que tinha como dono, até a última terça-feira, 30, Ronaldo Fenômeno. O ex-jogador se despediu do comando do clube com um discurso de dever cumprido.
Às vezes, o melhor para o homem é simplesmente ir embora, diz uma personagem de A Morte de um Caixeiro-Viajante ao protagonista Willy Loman. Foi no clima pesado da peça de Arthur Miller que Ronaldo Nazário, o Fenômeno, abandonou nesta semana o comando do Cruzeiro, que o revelou para o futebol há 30 anos.
Ronaldo não fez feio com o Cruzeiro. Vendeu o clube com um faturamento cinco vezes maior e de volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Além disso, fez um bom negócio: vai receber um valor dez vezes maior do que aquele que desembolsou há dois anos e meio. Ao anunciar oficialmente a venda da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Cruzeiro, o ex-jogador falou em sentimento de dever cumprido, mas o discurso era de impotência.
O novo sócio majoritário do Cruzeiro, Pedro Lourenço, vai dar “a velocidade que o torcedor quer”, disse o Fenômeno, que garantiu ter feito “o máximo que podia”. “Quanto vale a coragem que eu tive de pegar o Cruzeiro na segunda divisão com uma dívida de 1,3 bilhão de reais? Teve muita gente muito mais rica do que eu que não aceitou pegar”, comentou em sua entrevista de despedida, na defensiva, ao responder pergunta sobre detalhes financeiros de sua gestão.
Ronaldo comentou que todos seus advogados e amigos lhe disseram que era uma loucura assumir o Cruzeiro e que a loucura foi se comprovando a cada gaveta que ele abria, para encontrar dívidas no clube. Mas o atacante histórico só enxergava potencial no clube. Disse que tomava remédios para controlar a emoção na hora dos jogos e que agora deve tirar um período sabático “até que apareça alguma coisa”.
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