Ricardo Coutinho encomendou dossiê contra TCE para evitar fiscalização, diz delator
Em sua delação premiada, o ex-dirigente da Cruz Vermelha Daniel Gomes contou que o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho contratou uma empresa de inteligência para inibir conselheiros do Tribunal de Contas que queriam investigar um hospital do estado...
Em sua delação premiada, o ex-dirigente da Cruz Vermelha Daniel Gomes contou que o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho contratou uma empresa de inteligência para inibir conselheiros do Tribunal de Contas que queriam investigar um hospital do estado.
Segundo Gomes, entre 2012 e 2014, o Hospital de Trauma — gerido pela Cruz Vermelha e fonte de desvios pagos ao ex-governador, segundo as investigações da Operação Calvário — passou a receber visitas de Richard Euler Dantas de Souza, auditor do TCE.
Mas, segundo o delator, a forma de fiscalização sugeria que o auditor não queria apenas identificar irregularidades, mas também exigir que empresas fossem contratadas pelo hospital.
“Caso não fossem aceitas as imposições, o auditor apontaria irregularidades inexistentes nos serviços prestados e imputaria débitos aos gestores”, disse Daniel Gomes.
Ricardo Coutinho então mandou levantar material que poderia ser usado contra conselheiros do tribunal de contas que estivessem por trás da fiscalização — a maioria deles indicada por membros da família Cunha Lima, adversários políticos do governador.
Foi contratada a Truesafety Inteligência e Contra inteligência, que elaborou um dossiê.
O material mostrou que o auditor designado pelo TCE, Richard de Souza, quis alugar apartamentos para a Cruz Vermelha, pediu e recebeu propina e exigiu que o Hospital de Trauma fizesse um convênio com faculdade em que ele trabalhava.
De posse das informações, Ricardo Coutinho disse a Daniel Gomes que havia gostado muito e que “iria utilizar as informações no momento adequado”.
“Fato é que os procedimentos relacionados ao Hospital de Trauma passaram a ter uma tramitação diferente, bem mais lenta. Assim, até o final de 2018, apenas as contas de 2011 tinham sido julgadas e as auditorias que foram feitas depois do evento relatado deixaram de ser tão severas e também não contaram mais com a participação do auditor Richard de Souza”, narrou o delator.
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