A resposta à “bobagem” dos políticos investigados
O Estadão também entrevistou Piercamillo Davigo, um dos coordenadores da força-tarefa da Operação Mãos Limpas, inspiradora da Lava Jato, e hoje presidente da seção criminal da Corte de Cassação (o supremo tribunal) da Itália. O jornal perguntou qual era, de todas a acusações feitas pelos políticos, a que mais o incomodava. Eis a melhor resposta da...
O Estadão também entrevistou Piercamillo Davigo, um dos coordenadores da força-tarefa da Operação Mãos Limpas, inspiradora da Lava Jato, e hoje presidente da seção criminal da Corte de Cassação (o supremo tribunal) da Itália.
O jornal perguntou qual era, de todas a acusações feitas pelos políticos, a que mais o incomodava. Eis a melhor resposta da entrevista:
“Não ser imparcial. A imparcialidade é essencial para um magistrado. Trata-se daquilo que os criminólogos chamam de técnica da neutralização, isto é, a justificação que um culpado dá para si mesmo para outros de modo que o fato pareça menos grave.
Dou um exemplo: uma das coisas mais extravagantes que aconteciam quando um acusado era citado era ele dizer: ‘E o outros, por que vocês não pegaram os outros?’ Pois bem, na Itália, identificamos apenas 3% dos autores de furtos de veículos. Tirando os casos em que as pessoas são apanhadas em flagrante, é difícil prender alguém que roubou um carro. Jamais encontrei um ladrão de carro que me dissesse: ‘E os outros? Por que você não prendeu os outros?’ Eu teria respondido: ‘Queria começar com você. Se quiser, pode me dar a lista dos teus colegas que eu processarei eles também.’
Mas, na Itália, essa coisa é repetida como se fosse uma coisa sensata, quando não faz sentido pensar que, para processar alguém, é preciso descobrir os autores de todos os crimes. Quando você reflete sobre isso, você percebe que é uma bobagem.”
Uma das bobagens mais repetidas pela turma de Lula.
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