Rede Globo contra gigantes
Na guerra digital contra gigantes internacionais com bolsos muito mais fundos, o poder da Rede Globo é relativo
A Rede Globo vem enfrentando desafios crescentes, desde conseguir convencer grandes atores e atrizes a participarem de suas novelas por salários mais baixos, a encarar rivais internacionais na disputa pela nossa atenção, nosso foco hoje.
O Jornal Nacional registrou em 2004 média de 39,8 pontos de audiência, caindo para 23,5 em meados de 2023, conforme dados do Notícias da TV. Mas a redução de público não é exclusividade do canal carioca. A TV aberta como um todo tem perdido força à medida que plataformas de streaming e mesmo a internet conquistam espaço.
As gerações mais novas não são muito afeitas a horários rígidos, preferem ver o que querem, quando querem, de modo que a TV aberta já fica em desvantagem, pois precisa de uma grade de programação eclética e consolidada todos os dias. Mas não é só.
Internet e as novas gerações
Hoje o consumo de Netflix, Prime Video, YouTube e mesmo Instagram e Tik Tok, na palma da mão num celular, trazem uma comodidade por vezes viciante para um público que, décadas atrás, só teria meia dúzia de canais de TV como entretenimento eletrônico, se é que podemos chamar assim.
Parte do público mais fiel da televisão, os mais velhos, tende a mudar com a chegada de novas gerações à idade madura, trazendo hábitos digitais, ainda que a TV aberta – e de graça – siga atraente para o grosso da população.
Essa queda também traz reflexos no faturamento, já que números de audiência menos vistosos prejudicam a Globo na disputa pelas verbas de publicidade, na qual antes a emissora nadava de braçada.
De quebra, as plataformas de redes sociais ainda contam com algoritmos que possibilitam um direcionamento muito mais certeiro para um anúncio chegar ao seu público-alvo.
Investimentos vs corte de custos
Sabendo disso, a Globo investiu e segue investindo pesado no aplicativo Globoplay, onde está um passo à frente de suas rivais nacionais, como SBT, Record, Band e RedeTV, que nem sequer contam com aplicativos robustos e populares de streaming.
Esse conjunto de fatores tem exigido da gigante nacional cortes de custos constantes, como a dispensa de boa parte de seu cast fixo de atores e atrizes, venda de prédios, como a sede em São Paulo, e a diminuição dos supersalários de apresentadores e outros medalhões.
Ela segue líder da TV brasileira, com seu conglomerado faturando 15,1 bilhões de reais e lucrando 838,7 milhões de reais em 2023 mas, se não se reinventar constantemente com escolhas certeiras, sua margem de manobra com o negócio principal pode se mostrar cada vez menor.
Na guerra contra gigantes internacionais com bolsos muito mais fundos, o poder da Globo é relativo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)