Quem forjou o cartão de vacinação de Bolsonaro?
A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu nesta quinta-feira, 18, que o registro de vacinação contra a Covid do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL, foto) é falso...
A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu nesta quinta-feira, 18, que o registro de vacinação contra a Covid do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL, foto) é falso.
O órgão de controle, no entanto, não apontou culpados para a fraude verificada nas informações do ex-presidente inseridas no portal estadual de vacinação de São Paulo.
Fraudes no registro de vacinação
Os dados constantes do sistema do Ministério da Saúde mostram que há um registro contra a Covid no Cartão Nacional de Vacinação de Jair Bolsonaro que teria ocorrido em 19 de julho de 2021, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Peruche, em São Paulo.
A CGU verificou, no entanto, que o ex-presidente não estava em São Paulo no dia da suposta vacinação.
Dados fornecidos pela Força Aérea Brasileira (FAB) mostram que ele teria voado de São Paulo para Brasília em 18 de julho de 2021, um dia antes da data apontada no registro, e só voltou a realizar outro voo em 22 de julho de 2021.
Além disso, informações sobre o lote da vacina contra a Covid que teria sido aplicada em Bolsonaro mostraram que ele não estava disponível na UBS Parque Peruche na data em que a imunização teria ocorrido.
Operação Venire
Outros dois registros de imunização foram efetuados por agentes municipais de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e cancelados antes do início das investigações.
As descobertas culminaram na deflagração da Operação Venire pela Polícia Federal, que revelou a ligação de agentes públicos federais e municipais com o esquema.
Em maio de 2023, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, foi preso preventivamente pela falsificação do cartão de vacinação de Bolsonaro.
Depoimentos
A CGU afirmou ter ouvido diversas pessoas que trabalhavam na UBS Parque Peruche, inclusive a enfermeira indicada no cartão de vacinação como aplicadora do imunizante.
Além de negar que tenha feito o procedimento, a agente de saúde disse que não trabalhava mais na UBS data da suposta aplicação, o que foi confirmado por documentos.
Segundo a CGU, todos os funcionários em serviço na UBS em 19 de julho de 2021 negaram ter visto Bolsonaro no local. Eles também negaram conhecer qualquer pedido feito para registrar a imunização do ex-presidente.
“Os depoimentos foram corroborados pela análise dos livros físicos mantidos pela UBS para registro da vacinação da população. Não foi localizado, nos papéis relativos ao dia 19/07/2021, a presença do ex-Presidente no local para se imunizar”, disse a Controladoria-Geral da União.
Conclusão da CGU
Diante das provas colhidas pela investigação, a CGU atestou a “impossibilidade de o registro ter sido feito através do sistema mantido pelo órgão federal”.
“O exame também teve como objetivo verificar a eventual participação de servidor público federal nos fatos para eventual responsabilização. Nada foi localizado nesse sentido”, acrescentou.
Sem apontar culpados pela falsificação do registro de vacinação, a CGU encaminhou os resultados das investigações às autoridades do estado e do município de São Paulo.
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