“Que cada vez mais membros do Judiciário sejam responsabilizados”, diz Kataguiri
Deputado celebrou prisão de desembargador acusado de vazar informações de operação contra TH Joias
O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) celebrou nesta terça-feira, 16, a prisão do desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto (foto), do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, acusado de vazar informações da Operação Zargun.
O magistrado foi responsável por expedir o mandado de prisão do ex-deputado estadual do Rio TH Joias, por suposta ligação com o Comando Vermelho (CV).
Em vídeo no X, Kataguiri elogiou a ação das forças de segurança e disse esperar cada vez mais operações contra membros do Judiciário.
“O nível da corrupção é tão alto que o próprio desembargador responsável por autorizar as investigações e conduzir o julgamento do processo envolvendo deputados com ligação com Comando Vermelho, o próprio desembargador também foi pego passando informações para o presidente da Assembleia, o [Rodrigo] Bacellar. Realmente, o Rio de Janeiro é outro nível. Praticamente todos os governadores foram presos. Na Lava Jato, praticamente todo o Tribunal de Contas do Estado também foi afastado“, disse.
E acrescentou: “Parabéns pelo trabalho de todas as forças de segurança pública envolvidas nesse escândalo. Não tenho a menor dúvida de que todos eles estão com suas vidas em risco, pois não estão só mexendo com o Comando Vermelho, mas estão chegando no alto escalão do Judiciário do Rio de Janeiro. Que cada mais operações, principalmente as operações que investigam vendas de sentenças em tribunais superiores, afastem e prendam membros do Judiciário. Porque, na classe política, todo mundo já sabe que a bandidagem tá solta. Agora, o mesmo e até pior pode acontecer no Poder Judiciário.”
Operação Unha e Carne
Alvo da segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga o vazamento de informações da Operação Zargun, Macário Ramos foi quem expediu o mandado de prisão do então deputado TH Joias (foto), acusado de ligação com o Comando Vermelho (CV), em setembro.
Por determinação do ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a PF cumpre um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
“A ação se insere no contexto da decisão do STF no âmbito do julgamento da ADPF 635/RJ (ADPF das Favelas) que, dentre outras providências, determinou que a Polícia Federal conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e suas conexões com agentes públicos”, afirmou a PF.
Em nota, a defesa do desembargador afirmou que o ministro Alexandre de Moraes foi “induzido a erro ao determinar a medida extrema”.
“Ressalta, ainda, que não foi disponibilizada cópia da decisão que decretou sua prisão, obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá a sua imediata soltura”, acrescentou.
Rodrigo Bacellar
O deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), que foi preso na primeira etapa e solto pelo plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), é alvo de novas buscas nesta terça.
Ao solicitar a prisão preventiva, a PF afirmou que Bacellar orientou ex-deputado estadual TH Joias a fugir e destruir provas antes da prisão, em setembro.
A informação consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Moraes disse que Bacellar “tinha o conhecimento prévio sobre a alteração do número de ‘TH JOIAS’, assim como orientou o investigado na remoção de objetos da sua residência, a indicar um envolvimento direto ‘no encobrimento do investigado à atuação dos órgãos de persecução penal’”.
“A autoridade policial afirma, ainda, que (a) ‘logo após a efetivação das medidas cautelares, o Governador do Estado e a cúpula da ALERJ promoveram uma célere manobra regimental. Esta ação política, que remete à notória Carta Picciani, resultou no retorno imediato de um deputado titular ao cargo, exonerando TH JOIAS (seu suplente) do mandato parlamentar, conforme consta na edição extraordinária do DOERJ de 3/9/20256, dia da deflagração das operações policiais’, e (b) ‘a movimentação se justifica como uma estratégia imediata de controle de danos, visando desvincular a imagem da ALERJ do investigado TH JOIAS, que, como é de conhecimento público, era aliado político e presença constante em eventos institucionais dos Poderes Executivo e Legislativo’”, acrescentou.
“Nesse aspecto, consigna que ‘tal articulação serve como forte indício de que o vazamento de informações pode ter tido como objetivo primário a proteção de agentes políticos aliados à organização criminosa’, e que ‘um possível objetivo subjacente da ação obstrutiva é a manutenção do vínculo desses agentes políticos com o Comando Vermelho, facção responsável pelo maior controle territorial do Estado do Rio de Janeiro’”, continuou.
Moraes concedeu liberdade provisória a Rodrigo Bacellar na terça-feira, 9. A determinação incluiu o monitoramento do político por meio de tornozeleira eletrônica.
A medida seguiu a vontade da Alerj, que havia revogado a detenção provisória de Bacellar por 42 votos favoráveis.
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