Quanto as queimadas “do amor” já consumiram do Pantanal
Com 15,61% do Pantanal devastado pelas chamas, governo federal é pressionado pelo STF para intensificar combate às queimadas
Desde o início de 2024, o Pantanal tem enfrentado uma das piores temporadas de incêndios da sua história. Dados recentes divulgados pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) apontam que 2,3 milhões de hectares já foram consumidos pelo fogo. Essa área, que representa 15,61% do bioma, destaca a gravidade da situação e os desafios enfrentados no combate às chamas.
Após a passagem de uma frente fria, que inicialmente trouxe esperança de alívio, um novo alerta de perigo extremo de fogo foi emitido pelo Sistema de Alarmes do Lasa-UFRJ. Esse alerta é particularmente preocupante para a Bacia do Paraguai, uma das áreas mais críticas do Pantanal.
As previsões indicam que, até o próximo sábado, 31, as condições climáticas da região voltarão a favorecer a propagação dos incêndios, dificultando o combate, inclusive por meios aéreos. A alta velocidade com que o fogo pode se espalhar representa um risco significativo para a fauna, flora e comunidades locais.
Impacto em terras indígenas
As terras indígenas, que são parte essencial do bioma pantaneiro, também estão sendo severamente afetadas pelos incêndios. Somando todas as áreas indígenas, mais de 371 mil hectares já foram destruídos pelas chamas.
A Terra Indígena Kadiwéu é a mais impactada, com mais de 357 mil hectares queimados, o que equivale a 66,4% de seu território total. Essa devastação coloca em risco não apenas o meio ambiente, mas também a cultura e a subsistência das comunidades indígenas que habitam essas regiões.
Em resposta à crise, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) tem mobilizado recursos significativos. Até 20 de agosto, um total de 959 profissionais estavam envolvidos nas operações de combate aos incêndios, com o suporte de 18 aeronaves. Além disso, as equipes de resgate conseguiram salvar 569 animais silvestres até 18 de agosto, um número que ressalta a extensão da tragédia ambiental em curso.
STF pressiona governo por ações contra as queimadas “do amor”
Na última terça-feira, 27, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o governo federal tem 15 dias para reforçar o número de profissionais e equipamentos destinados ao combate aos incêndios no Pantanal e na Amazônia.
Essa decisão faz parte de um esforço mais amplo para garantir que as autoridades federais intensifiquem suas ações de resposta à crise ambiental. No dia 10 de setembro, o cumprimento dessa determinação será avaliado em uma audiência de conciliação, que abordará três Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) relacionadas ao tema.
Em um esforço para atender às exigências, o governo federal publicou, no mesmo dia, uma portaria que autoriza o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) a formar brigadas temporárias em municípios de 18 estados e do Distrito Federal.
Essas brigadas, compostas por equipes de 13 a 25 profissionais, são uma tentativa de intensificar a resposta emergencial. Além disso, equipes especializadas de pronto emprego, capazes de se mobilizar em menos de 24 horas, também estão sendo contratadas para atuar nas áreas mais críticas.
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