Pressão para governo ajustar articulação é legado de Lira para a Câmara
Prestes a deixar a presidência da Câmara, alagoano sinaliza a aliados insatisfação com estratégias adotadas pelo Planalto e palpita sobre reforma ministerial
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), repete a aliados as falas que ecoam em declarações à imprensa sobre a articulação política no governo Lula. Segundo aliados, ele defende que uma reforma ministerial inclua nomes que representem melhor os interesses da Câmara dos Deputados.
Lira também acredita que o presidente Lula deveria retomar uma postura mais ativa nas negociações com parlamentares, promovendo encontros e eventos semelhantes aos realizados durante seus dois primeiros mandatos.
O alagoano é crítico assíduo do ministro Alexandre Padilha, responsável pela pasta de Relações Institucionais e afirma, em on e em off, que o ministro é o responsável pela dificuldade da base governista em obter votos para pautas determinantes.
Distribuição dos ministérios
Para ilustrar seu ponto, Lira tem destacado a disparidade entre a representatividade de partidos na Esplanada dos Ministérios e no plenário. Ele cita o PT, que comanda pastas estratégicas, mas possui apenas 12% dos votos da Câmara.
Já o PSD, que controla três ministérios, não tem representantes da Casa em cargos de maior relevância. Um exemplo disso é o deputado André de Paula, que ocupa o Ministério da Pesca e Aquicultura, considerado de menor impacto político.
Lira argumenta que ajustes nesse cenário, aliados a uma interlocução mais frequente de Lula, poderiam evitar impasses nas votações, como o que ocorreu recentemente com o pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Regulação das mídias sociais e anistia
Com seu mandato como presidente da Câmara se encerrando em fevereiro, Lira aponta dois projetos importantes que não conseguiu levar adiante: a regulação das redes sociais e a PEC que altera a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A proposta é criticada por procuradores, que a veem como uma ameaça à independência do órgão.
Hugo Motta (Republicanos-PB), apontado como favorito para suceder Lira, deverá herdar a responsabilidade de tratar desses temas. Segundo interlocutores, Lira acredita que haverá um clima mais propício para discutir ambas as pautas em 2025.
Outro tema delicado que deve cair no colo de Motta é a articulação em torno da anistia para condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Lira, ao comentar o assunto, diz que a questão “não está morta“, mas alerta que o próximo presidente da Câmara terá o desafio de evitar debates impulsivos ou precipitados sobre o tema.
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