Por que é melhor não chamar o colégio eleitoral americano de "distorção" Por que é melhor não chamar o colégio eleitoral americano de "distorção"
O Antagonista

Por que é melhor não chamar o colégio eleitoral americano de “distorção”

avatar
Redação O Antagonista
3 minutos de leitura 03.11.2020 13:29 comentários
Brasil

Por que é melhor não chamar o colégio eleitoral americano de “distorção”

Em 2016, Donald Trump se tornou o quinto presidente dos Estados Unidos a vencer uma eleição apenas no colégio eleitoral, composto por delegados oriundos de cada estado americano, em número proporcional às suas populações. No total de votos populares, Hillary Clinton obteve quase três milhões de votos a mais. Em 48 dos 50 estados, quem vence a eleição, mesmo que seja por um só voto, leva todos os delegados. Só em Maine e Nebraska os delegados são divididos proporcionalmente...

avatar
Redação O Antagonista
3 minutos de leitura 03.11.2020 13:29 comentários 0
Por que é melhor não chamar o colégio eleitoral americano de “distorção”
Foto: Andrea Hanks/ Flickr/ The White House

Em 2016, Donald Trump se tornou o quinto presidente dos Estados Unidos a vencer uma eleição apenas no colégio eleitoral, composto por delegados oriundos de cada estado americano, em número proporcional às suas populações. No total de votos populares, Hillary Clinton obteve quase três milhões de votos a mais. Em 48 dos 50 estados, quem vence a eleição, mesmo que seja por um só voto, leva todos os delegados. Só em Maine e Nebraska os delegados são divididos proporcionalmente. Como Trump venceu em estados com maior população e, portanto, com mais delegados, ele venceu a disputa contra Hillary.

Há quem diga que se trata de uma “distorção”. Eu prefiro chamar de característica essencial do sistema federativo criado pelos Estados Unidos, a primeira república moderna. O sistema privilegia os estados que formam a federação e não o cidadão individualmente. Como o peso de cada estado é diferente em termos populacionais, isso é espelhado pelo número de delegados no colégio eleitoral. É lógica semelhante à da eleição para a Câmara dos Representantes, onde cada estado conta com um número de deputados também proporcional ao número de habitantes dos seus distritos (o que ocorre também no Brasil, na Câmara dos Deputados, salvo que aqui não há distritos). Não, não vou entrar na interminável discussão de desenho indevido de distritos eleitorais, o gerrymandering.

Por ser uma federação de verdade, com estados que gozam de autonomia administrativa e cujas leis podem ser diferentes de um para outro na medida em que não colidam com a Constituição do país, é que não existe uma única eleição presidencial a cada quatro anos, mas cinquenta, com cada unidade federativa com o seu próprio sistema de votação. O sistema federativo não se submete, assim, à “tirania da maioria” absoluta, para usar de empréstimo a expressão de Alexander Hamilton, um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos.

Como já dito, Donald Trump foi o quinto presidente a vencer apenas no colégio eleitoral. Em todas as outras 53 vezes, quem teve mais votos populares também levou a maioria dos delegados. Vem funcionando bem, admita-se. Os americanos até podem vir a mudar um dia a forma de compor o colégio eleitoral, adotando fórmula parecida às do Maine e Nebraska — mas eliminá-lo é muito mais improvável, para não dizer impossível. Significaria abolir o sistema federativo que é o esqueleto a partir do qual o país foi construído.

Melhor não chamar de “distorção”, portanto, o colégio eleitoral que elege o presidente dos Estados Unidos.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Ellen DeGeneres deixa EUA após escândalos e reeleição de Trump

Visualizar notícia
2

Tarcísio defende Bolsonaro contra “narrativa disseminada”

Visualizar notícia
3

Agora vai, Haddad?

Visualizar notícia
4

Trump nomeia ex-procuradora da Flórida após desistência de Gaetz

Visualizar notícia
5

Bolsonaro deixou aloprados aloprarem?

Visualizar notícia
6

"Não faz sentido falar em anistia", diz Gilmar

Visualizar notícia
7

A novela do corte de gastos do governo Lula: afinal, sai ou não sai?

Visualizar notícia
8

PGR vai denunciar Jair Bolsonaro?

Visualizar notícia
9

Mandado contra Netanyahu não tem base, diz André Lajst

Visualizar notícia
10

Calendário PIS 2025 (22/11): Saiba os valores e como receber

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Feriados (22/11): 22 de novembro é feriado? Saiba agora!

Visualizar notícia
2

Ellen DeGeneres deixa EUA após escândalos e reeleição de Trump

Visualizar notícia
3

Calendário PIS 2025 (22/11): Saiba os valores e como receber!

Visualizar notícia
4

Mandado contra Netanyahu não tem base, diz André Lajst

Visualizar notícia
5

Bolsonaro deixou aloprados aloprarem?

Visualizar notícia
6

Trump nomeia ex-procuradora da Flórida após desistência de Gaetz

Visualizar notícia
7

PGR vai denunciar Jair Bolsonaro?

Visualizar notícia
8

Tarcísio defende Bolsonaro contra “narrativa disseminada”

Visualizar notícia
9

Agora vai, Haddad?

Visualizar notícia
10

"Não faz sentido falar em anistia", diz Gilmar

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

artigo colégio eleitoral Donald Trump eleição nos EUA eleições americanas Mario Sabino O Antagonista
< Notícia Anterior

Russomanno diz que vacina deve ser testada em quem já está doente

03.11.2020 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Maia reúne governadores para discutir plano de vacinação

03.11.2020 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

PF indiciou padre em caso de golpismo

PF indiciou padre em caso de golpismo

Alexandre Borges Visualizar notícia
22 de novembro é feriado? Saiba onde!

22 de novembro é feriado? Saiba onde!

Visualizar notícia
Calendário PIS 2025 (22/11): Saiba os valores e como receber

Calendário PIS 2025 (22/11): Saiba os valores e como receber

Visualizar notícia
Alerta laranja do Inmet para risco de chuvas intensas. Veja as regiões

Alerta laranja do Inmet para risco de chuvas intensas. Veja as regiões

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.