PF pede anulação de delação premiada de Mauro Cid
Integrantes da PF já suscitavam essa possibilidade diante de várias omissões consideradas graves em depoimentos prestados pelo militar
Em relatório encaminhado no início da noite desta terça-feira, 19, ao ministro do STF Alexandre de Moraes, investigadores da Polícia Federal responsáveis pelas investigações sobre a suposta tentativa de se dar um golpe de Estado pediram a anulação do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
Como mostramos mais cedo, integrantes da PF já suscitavam essa possibilidade diante de várias omissões consideradas graves em depoimentos prestados pelo militar, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
O pedido da PF já está em posse do ministro Alexandre de Moraes. A expectativa de integrantes da Polícia Federal é que esse pedido seja avaliado pelo magistrado nas próximas horas. Antes de tomar uma decisão, Moraes já solicitou aval do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Nesta terça-feira, Mauro Cid prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília. No entanto, na visão de investigadores, Cid entrou em contradição em vários momentos e não conseguiu explicar por qual motivo não entregou aos integrantes da PF o detalhamento do suposto plano para ser “neutralizar” o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
As suspeitas contra Cid ocorreram após a PF conseguir recuperar várias informações do celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ao longo deste ano. O recolhimento de dados ocorreu após o aparelho ser escaneado por um equipamento de investigação israelense.
Foi graças a esse equipamento que a PF descobriu, em setembro, que militares como o então chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República general de brigada Mário Fernandes monitoraram as rotinas de Lula e de Alexandre de Moraes.
O depoimento de Cid desta terça-feira já estava previsto, mas com o desencadeamento da Operação Contragolpe a oitiva ganhou novos contornos. Como adiantamos, os investigadores poderiam mudar de ideia em relação ao um eventual pedido de cancelamento da delação apenas se Mauro Cid apresentasse uma justificativa plausível para essas omissões consideradas graves.
Mauro Cid foi preso em maior de 2023 e permaneceu sob custódia do Batalhão do Exército até setembro do ano passado. Na ocasião, Cid confirmou que Jair Bolsonaro participou de uma reunião com a cúpula das Forças Armadas para discutir detalhes de um suposto golpe. Na visão dos investigadores, no entanto, isso pode ter sido apenas ‘a ponta do iceberg’.
E esse é um ponto que sempre incomodou os investigadores, conforme apurou este portal. Na visão dos integrantes da PF, Mauro Cid poderia ter colaborado mais com as investigações. E pela lei de delação premiada, o investigado precisa auxiliar nas investigações de forma ‘espontânea’, algo que não tem ocorrido com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na visão da PF.
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