PF investiga se PCC lavou dinheiro com obras de Romero Britto
Segundo os investigadores, há fortes indícios de que a facção usava compra de obras de arte como forma de lavar recursos do tráfico de drogas

A Polícia Federal investiga o uso de obras de arte para lavagem de dinheiro por uma organização criminosa que reúne integrantes do PCC e máfias europeias, diz a Folha.
A suspeita surgiu durante a operação Mafiusi, que resultou na prisão do doleiro Tharek Mourad, em São Paulo. Ele é apontado como elo entre o PCC e a máfia italiana.
Na investigação, foram encontrados certificados de autenticidade de obras assinadas por artistas renomados, embora nenhuma peça tenha sido apreendida durante os mandados de busca. Parte do acervo estava na Sulvene Factoring, empresa ligada a Mourad e William Barile Agati — este último preso em janeiro e considerado um operador do PCC.
Entre as obras listadas pela PF estão três atribuídas a Romero Britto, incluindo uma escultura em formato de bola de futebol e quadros com o estilo do artista. Também foram identificadas uma escultura da série Tramas Circulares da artista Cilene Derdyk e um quadro com imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, encontrado na casa de Agati.
Segundo os investigadores, há fortes indícios de que o grupo criminoso usava a compra de arte como forma de lavar recursos do tráfico de drogas — prática comum devido à subjetividade no valor dessas peças.
Esta não é a primeira vez que obras de Romero Britto aparecem em investigações da PF. Em 2017, três quadros do artista foram apreendidos na casa de veraneio do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, em Mangaratiba. As peças, avaliadas entre R$ 23 mil e R$ 71 mil, faziam parte da decoração da residência. Cabral foi condenado por corrupção na Lava Jato, mas deixou a prisão em 2022.
“Lava Jato do PCC”
A PF desvendou parte do sistema paralelo de transações financeiras operado pelo PCC ao seguir o rastro do dinheiro. A investigação teve como ponto de partida os negócios do empresário William Barile Agati, conhecido como “Concierge do PCC”, e integra a operação Mafiusi, que apura conexões da facção com máfias italiana e albanesa.
O avanço das apurações foi possível com base em movimentações bancárias e nas informações repassadas por Marco José de Oliveira, novo delator e também empresário. Segundo relatórios da PF, diversas personalidades aparecem na lista de quem teria movimentado recursos pelo sistema financeiro clandestino da organização criminosa.
Entre os citados estão o pastor Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus; o bicheiro Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, ligado à escola de samba Salgueiro; e o cantor sertanejo Gusttavo Lima, que tem sido cotado como possível vice na chapa do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, na disputa presidencial de 2026.
Apesar das citações, nenhum dos três foi indiciado até o momento. A PF, no entanto, deve chamá-los para prestar depoimento. O Ministério Público Federal denunciou 14 pessoas na primeira fase da investigação, que agora se concentra em esquemas de lavagem de dinheiro.A Operação Mafiusi está sob tutela da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, a mesma que abrigou a Operação Lava Jato. Assim como a Lava Jato, a operação foi turbinada pelas informações de um delator, Marco José de Oliveira.
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Comentários (2)
Claudemir Silvestre
06.04.2025 13:50Nao vai dar em nada … o STF liberou o crime no Brasil !!! Esqueceram que remos um ladrão na Presidência ?? 🤷🏻🤷🏻
Marcia Elizabeth Brunetti
06.04.2025 12:40Imagina quanto o Brasil perdeu com a Lava-Jato? Mas, imagina que acabariam com a vida de Cabral, alta cúpula do PCC, Pastor Valdemiro, Adilsinho da Salgueiro etc. Claro, é bem por isso que acabaram com a Lava-Jato. Imagine a hora que chegasse em outros grandes? É nessa hora que Esquerda, Direita, STF e crime organizado se juntam e se entendem perfeitamente. E o povo ignorante cai na história de "valores" para lutar!