Petistas não vão liberar dinheiro para a campanha de Boulos?
Segue o impasse sobre o repasse de recursos do PT para o avatar do presidente Lula na capital paulista, mesmo após o presidente ser multado por pedir voto abertamente para o aliado
Após anos de resistência, o PT resolveu embarcar em uma candidatura à Prefeitura de São Paulo sem um dos seus na cabeça de chapa. E alguns petistas não estão conseguindo lidar bem com isso.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, uma ala do PT resiste a destinar os 40 milhões de reais que ajudariam a atingir o limite legal de gastos da campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP, foto) — o partido do cabeça da chapa composta com Marta Suplicy (PT) arcaria com os outros 30 milhões de reais.
“Apesar do compromisso do presidente de apoiar financeiramente o candidato do PSOL, no PT a expectativa é que o aporte seja mais tímido do que o requerido pelo psolista. Até porque os pré-candidatos petistas de outras cidades reivindicam o dinheiro para suas próprias campanhas”, diz a Folha.
Nem por Boulos?
O entendimento estaria dependendo de acordos fora de São Paulo, como o ao apoio do PSOL à candidatura do deputado Rogério Correia (PT-MG) à Prefeitura de Belo Horizonte, também disputado pelo PDT da deputada Duda Salabert (MG).
O jornal informa que “em uma reunião virtual, o comando do PT decidiu não destinar recursos de seu fundo eleitoral a outros partidos nas eleições de 2024”, assim como ocorreu nas eleições de 2020 e 2022. O PSOL tinha esperança de que a instrução pudesse mudar, por Boulos.
Os recursos só poderão ser destinados a candidaturas de petistas a vice nas cidades com mais de 100 mil habitantes, desde que essa contribuição seja aprovada pela Executiva Nacional do partido.
Avatar turbinado
No início de junho, a própria Folha noticiou que Lula instruiu os petistas a turbinar a campanha de Boulos. Naquela época, eram pré-candidatos do PT a vereador na capital paulista que cobravam uma contrapartida do PSOL.
Alegando que o repasse não é uma prática regular da sigla e que ele poderia embaralhar a prestação de contas junto à Justiça Eleitoral, integrantes da cúpula da legenda desaconselharam a contribuição para a campanha de Boulos, levando Lula a intervir.
O presidente da República já deixou bem claro que Boulos é seu avatar em São Paulo na disputa municipal. “Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial. Uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre eu (sic) e a figura”, disse o petista em entrevista em janeiro, sem citar o nome de Jair Bolsonaro.
Lula chegou a ser multado pela Justiça eleitoral por pedir voto abertamente para o socialista durante ato oficial no Dia do Trabalhador, em São Paulo, mas, pelo jeito, ainda precisa convencer os membros do próprio partido a aderir à campanha de Boulos.
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