Pazuello recebeu email de representante da Davati com oferta de 300 milhões de doses
O gabinete do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello recebeu, em março deste ano, um email de um advogado que se apresentou como representante da Davati no Brasil, identificado como Júlio Caron. No email, Caron ofereceu 300 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra a Covid ao governo brasileiro...
O gabinete do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello recebeu, em março deste ano, um email de um advogado que se apresentou como representante da Davati no Brasil, identificado como Júlio Caron. No email, Caron ofereceu 300 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra a Covid ao governo brasileiro.
A comunicação ocorreu em 9 de março, conforme documentos que estão em posse dos integrantes da CPI da Covid. Júlio Caron seria, portanto, o segundo suposto representante da Davati a tentar contato com o Ministério da Saúde, oferecendo imunizantes da AstraZeneca. O outro foi o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti, que teria disponibilizado 400 milhões de doses à pasta — ele prestou depoimento à CPI na semana passada.
Na comunicação ao Ministério da Saúde, Júlio Caron afirmou o seguinte:
“Tomo a liberdade de lhe informar que represento a empresa Davati Medical Supply LLC, conforme instrumento anexo, estabelecida na cidade do Texas, Estados Unidos da América, distribuidor autorizado da Astra Zeneca, e temos a possibilidade de lhe ofertar 300.000.000 milhões de doses da vacina AZD1222 para compra imediata pelo Ministério da Saúde. Pedimos a gentileza de confirmar o interesse do Ministério em adquirir tais vacinas para que possamos avançar em nossas negociações.”
Além do email, Caron enviou um documento atribuído à Davati como comprovação de que seria um representante comercial da empresa no Brasil. Além disso, associou o contato a um escritório localizado no Brooklin, na capital paulista.
A O Antagonista, Caron confirmou a oferta de vacinas ao Ministério da Saúde.
“Apenas fiz a oferta ao MS por e-mail e recebi uma solicitação de maiores informações.”
Ele disse que não sabia quem era Dominguetti até a semana passada.
“Não conheço esse senhor e não tinha conhecimento da atuação dele.”
Segundo documentos do próprio Ministério da Saúde, esse contato inicial foi encaminhado para a análise da Secretaria-Executiva da pasta, na época comandada pelo coronel Elcio Franco; da Secretaria de Vigilância em Saúde; e da assessoria de assuntos internacionais de Saúde. Apesar disso, as tratativas não prosseguiram.
A AstraZeneca vem afirmando, desde o início deste ano, não ter qualquer intermediário para venda de vacinas.
O email foi enviado por Caron após a conversa que teria ocorrido entre Roberto Dias, então diretor de Logística do Ministério da Saúde, e Luiz Paulo Dominguetti, na qual, segundo a Folha noticiou, com base em relatos do policial militar, houve um pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina. No email de Caron, não há qualquer menção a esse suposto encontro entre Dias e Dominguetti.
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