“Paralisação fecha portas”, diz Tarcísio a caminhoneiro; ouça áudio
Circula hoje, em grupos de caminhoneiros, conversa em que Tarcísio Freitas diz a um representante da categoria no Rio Grande do Sul que o governo não tem como atender algumas demandas de transportadores autônomos que ameaçam fazer paralisação amanhã...
Circula hoje, em grupos de caminhoneiros, conversa em que Tarcísio Freitas diz a um representante da categoria no Rio Grande do Sul que o governo não tem como atender algumas demandas de transportadores autônomos que ameaçam fazer paralisação amanhã.
“A situação não está difícil só para o caminhoneiro, está difícil para todo mundo. E fazer paralisação agora é deixar a situação mais difícil ainda. Porque não existe transporte forte, funcionando bem, com a economia fraca”, disse o ministro (ouça o áudio completo abaixo).
Caminhoneiros querem, entre vários outros pontos, a volta da tabela do frete mínimo e redução no preço do diesel com a mudança na política da Petrobras que define o valor com base no mercado internacional.
Na conversa, Tarcísio afirma que a tabela, aprovada pelo governo Michel Temer em 2018, foi “um doce na boca do caminhoneiro, para voltar a trabalhar em 2018”.
“É um troço que não ia funcionar nunca, como não funcionou, tem três anos, e não vai funcionar”, diz em seguida. “Não somos nós que contratamos frete, não somos nós que estabelecemos preço. É o mercado. Enquanto vocês não desmamarem do governo, vocês vão ver as empresas crescendo e vocês com cada vez mais dificuldade”, afirma em outro trecho.
O ministro elencou uma série de medidas adotadas pelo atual governo, como a instalação de mais de 20 postos de parada nas estradas, apoio e investimento na formação de cooperativas para autônomos e redução nas tarifas de pedágio, negociada com concessionárias.
“A gente não pode mudar nada até segunda-feira. Vai ficar mais ainda, cara. Se vocês pararem, vai ficar pior, ou é difícil perceber isso?”, diz Tarcísio.
Ele diz ver “conotação política” na paralisação anunciada para amanhã por parte das associações, no mesmo dia da eleição para as presidências da Câmara e Senado.
“O presidente está tomando porrada 24 horas por dia. Enfrentou uma pandemia, a economia foi pega de surpresa, os governadores e prefeitos fecharam todo o Brasil. O presidente faz o que pode, está extenuado, está fazendo o máximo. E não é vindo para um movimento desse, que a gente vai ajudar. Aliás, diga-se de passagem, um movimento interessante. Assim, montado para dia 1º de fevereiro, que é o dia da eleição da mesa. Por quê? Vem dizer que não tem conotação política?”, pergunta ao dirigente da associação.
Na conversa, o líder dos caminhoneiros nega motivação política, mas Tarcísio insiste.
“Tem gente por trás. Não faz sentido marcar um movimento para o dia da eleição das Casas. Ou você acha que isso é coincidência? A turma ela se infiltra e tem muita gente apostando na derrota do governo agora.”
Ele finaliza a conversa dizendo que sempre esteve aberto a dialogar com os caminhoneiros e que não negocia com quem faz greve.
“Sempre conversei com todos, sempre tive a porta aberta. Então, esse tipo de procedimento é errado. Achar que tem que fazer paralisação para conversar, esquece. Na verdade, a paralisação fecha portas. Enquanto tiver paralisação, não converso com ninguém.”
Procurado por O Antagonista, o ministério confirmou a autenticidade do áudio e emitiu a seguinte nota:
“O Ministério da Infraestrutura esclarece que o ministro Tarcísio conversou, por telefone, com representantes da Associação dos Caminhoneiros e Condutores de Capão da Canoa/RS. Durante a conversa reafirmou o seu posicionamento em referência às ações setoriais adotadas pela pasta; a total abertura para o diálogo com todas as entidades que demonstram interesse em fazer parte da formulação da política pública; o posicionamento de não negociar com qualquer indicativo de paralisação ou locaute; e sua opinião, de amplo conhecimento de todo o setor, sobre temas de interesse, como a tabela de frete e a necessidade de estimular a economia para ampliar o mercado do transporte rodoviário de cargas.”
Ouça a conversa:
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