Para 89% dos brasileiros, tarifaço vai prejudicar economia
Levantamento do Datafolha revela preocupação generalizada com taxas americanas e aponta Estados Unidos como parceiro menos confiável
Uma nova pesquisa Datafolha, divulgada hoje, 31, indica que 89% dos brasileiros avaliam que a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos exportados do Brasil trará consequências negativas à economia nacional.
A pesquisa, realizada com 2.004 pessoas em 130 municípios brasileiros entre os dias 29 e 30 de deste mês, antecedeu a publicação do decreto que oficializou a medida em Washington, D.C. Donald Trump justificou as tarifas como resposta a “políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
O impacto não se limita à percepção macroeconômica. Uma parcela expressiva da população, 77%, também antecipa um impacto adverso das sobretaxas em sua situação financeira pessoal. Dentre esses, 43% preveem um prejuízo considerável, enquanto 34% esperam um impacto moderado. Apenas 19% não preveem danos à sua renda.
Mesmo entre eleitores de diferentes espectros políticos a visão é convergente: 92% dos eleitores de Bolsonaro na última eleição, e 87% dos votantes em Lula, concordam que as tarifas serão prejudiciais à economia do Brasil.
Reações e percepção sobre os parceiros comerciais do Brasil
Diante da crise, a maioria dos brasileiros sugere uma abordagem diplomática. Setenta e dois por cento dos entrevistados afirmam que o governo brasileiro deveria buscar negociações para convencer os Estados Unidos a reconsiderar a medida tarifária.
Uma parcela menor, 15%, defende que o Brasil deveria aplicar tarifas equivalentes sobre produtos americanos importados. Apenas 6% sugere que todas as condições impostas pela Casa Branca deveriam ser aceitas, índice que sobe para 13% entre eleitores de Bolsonaro e cai para 1% entre eleitores petistas.
As tarifas de 50%, que incluem um acréscimo de 40% sobre os 10% anunciados em abril, entrarão em vigor sete dias após a assinatura do decreto em 30 de julho. Apesar da amplitude, cerca de 700 exceções foram concedidas, livrando 43% dos itens brasileiros exportados para o mercado americano. Produtos como derivados de petróleo, ferro-gusa, itens de aviação civil e suco de laranja estão entre os isentos. Contudo, carnes, café, pescado e frutas foram incluídos na lista de produtos sobretaxados.
O questionário também explorou a percepção de confiabilidade dos parceiros comerciais do Brasil.
Os resultados mostram que a União Europeia, o Mercosul e a China são considerados mais confiáveis que os Estados Unidos pelos brasileiros. Para 74%, países da União Europeia são parceiros dignos de confiança.
O Mercosul obteve índice similar, com 72%. A China é vista como parceira confiável por 66% da população. Por outro lado, quase metade dos entrevistados, 46%, não considera os EUA um parceiro comercial confiável, enquanto 51% o fazem.
Sobre o nível de informação acerca do tema, 32% dos brasileiros se declararam bem informados, e 39% mais ou menos informados. Uma parcela de 9% se considera mal-informada, e 18% não tinham conhecimento do assunto. Entre a população de menor renda, com ganhos mensais de até dois salários mínimos, o desconhecimento atinge 40%. Na fatia dos mais ricos, com mais de dez salários mínimos, esse percentual é de 9%.
A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais.
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