Pacote anticrime: Bolsonaro ignorou pedidos de veto no “mesmo mês” em que Flávio foi alvo de buscas, diz Moro
Na entrevista de Sergio Moro a Rodrigo Rangel, publicada na edição desta semana da Crusoé, Sergio Moro disse que Jair Bolsonaro não vetou alguns pontos do texto do pacote anticrime modificado pelo Congresso "no mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas" a Flávio Bolsonaro, o 01...
Na entrevista de Sergio Moro a Rodrigo Rangel, publicada na edição desta semana da Crusoé, Sergio Moro disse que Jair Bolsonaro não vetou alguns pontos do texto do pacote anticrime modificado pelo Congresso “no mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas” a Flávio Bolsonaro, o 01.
“Me chamou a atenção um fato quando o projeto anticrime foi aprovado pelo Congresso. Infelizmente, houve algumas mudanças no texto que acho que não favorecem a atuação da Justiça criminal. Tirando a questão do juiz de garantias, houve restrições à decretação de prisão preventiva e também restrições a acordos de colaboração premiada. Propusemos vetos, e me chamou muita atenção o presidente não ter acolhido essas propostas de veto, especialmente se levarmos em conta o discurso dele tão incisivo contra a corrupção e a impunidade. Limitar acordos e prisão preventiva bate de frente com esse discurso. Isso aconteceu em dezembro de 2019, mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas ao filho do presidente”, disse Moro.
Questionado se Bolsonaro demonstrava preocupação, nos bastidores, com as investigações envolvendo Flávio ou se o cobrava em relação ao assunto, Moro respondeu:
“Essa é uma investigação da polícia estadual e do Ministério Público estadual. Não cabia ao Ministério da Justiça realizar qualquer espécie de interferência. […] Para mim não poderia fazer [cobranças] porque não é da minha área. Ele não pediria a mim nada ilegal porque eu não faria nada ilegal. Seria inútil fazer solicitação a mim ou ao [Maurício] Valeixo porque não cumpriríamos solicitação de índole ilegal.”
Moro disse ainda:
“Me chamou atenção porque é incoerente com o discurso. Assim como são incoerentes com o discurso as alianças recentes que o presidente tem feito com personagens do nosso mundo partidário que não se destacam exatamente pela imagem de probidade. Acho isso um tanto peculiar porque o discurso para os eleitores é um, e a prática é outra bastante diferente.”
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