Os militares e o consequencialismo da imprensa
A justa indignação das Forças Armadas com a fala de Gilmar Mendes, que associou a instituição a "genocídio" na condução da crise sanitária por um Ministério da Saúde comandado por esse patético general Eduardo Pazuello, serviu de pretexto para que colunistas dissessem que estaria sendo fabricada uma crise para propiciar um golpe pelos militares...
A justa indignação das Forças Armadas com a fala de Gilmar Mendes, que associou a instituição a “genocídio” na condução da crise sanitária por um Ministério da Saúde comandado por esse patético general Eduardo Pazuello, serviu de pretexto para que colunistas dissessem que estaria sendo fabricada uma crise para propiciar um golpe pelos militares.
A realidade os desmentiu instantaneamente: o próprio Jair Bolsonaro, que seria teoricamente beneficiado pelo tal golpe, encarregou-se de apagar o incêndio. Afinal de contas, vê-se ameaçado pelo STF, que pode devolver Flávio Bolsonaro à primeira instância, e pelo TSE, na ação que pede a sua cassação — prova de que as instituições funcionam e o presidente já se dobrou a isso. De acordo com a Folha, Bolsonaro fez com que Eduardo Pazuello telefonasse para Gilmar e mantivesse uma conversa cordial com o ministro. Resultado: Gilmar ainda passará por herói da resistência, justamente por causa da fala desmiolada, mesmo que venha a pedir desculpas por ela às Forças Armadas. O PT já o colocou no seu panteão.
Depois que um colunista sugeriu que a morte de Bolsonaro por Covid-19 seria boa para o combate à pandemia e que outro afirmou que o PT merecia ser perdoado, o consequencialismo da imprensa brasileira falhou mais uma vez.
Ponham na cabeça, senhores: as Forças Armadas não querem saber de golpe. Só não gostam, naturalmente, de ser ofendidas por um ministro do STF desbocado, e estão cansadas de ver o seu nome associado ao governo de Jair Bolsonaro. Et pour cause.
Atualização: na versão do Estadão, ao contrário do que diz a Folha, foi Gilmar Mendes a telefonar primeiramente para Pazuello. Seja como for, o raciocínio não muda. Bolsonaro não aproveitou a oportunidade para fustigar o STF.
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