Orlando Tosetto Júnior, na Crusoé: “O país do facultativo compulsório”
Pode ser que nos livros dos historiadores do futuro o Brasil venha a ser conhecido como o país que defendeu primeiro a abertura democrática e já depois a própria democracia, na base do “prendo e arrebento”...
Pode ser que nos livros dos historiadores do futuro o Brasil venha a ser conhecido como o país que defendeu primeiro a abertura democrática e já depois a própria democracia, na base do “prendo e arrebento”. Também pode ser o país do “é proibido, mas, se quiser, pode”, e também do “onde está escrito não, leia-se sim (e vice-versa)” – e disso eu me abstenho de dar exemplos, porque, se começar, não paro mais.
Em todo caso, eu tenho para mim que o certo mesmo seria o Brasil ser conhecido como a terra do direito obrigatório e do facultativo compulsório. Aqui, não esqueça o amigo, o direito de votar é obrigatório e o ponto facultativo é compulsório. E é com esse espírito que, pelo que leio nesta revista digital, o jamais assaz louvado senhor presidente quer recriar a “contribuição sindical”, que é, em apertada síntese, o direito que você tem de dar dinheiro na marra para o sindicato da sua categoria profissional. Ou, reformulando, o direito que o sindicato da sua categoria tem de pegar dinheiro de você.
Aliás, esse tipo de contribuição muito se assemelha àquelas que a gente faz quando dois jovens democratas nos abordam tarde da noite na rua a bordo de uma motocicleta, expondo, entre outras coisas, os apuros que passam por causa das injustiças sociais e fazendo-nos pedidos e ofertas que não somos capazes de recusar. Mas tergiverso, ó, tergiverso.
Leia aqui a íntegra da coluna; assine a Crusoé e apoie o jornalismo e o humorismo independentes.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)