O tortuoso caminho do 'rei Arthur' O tortuoso caminho do 'rei Arthur'
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O tortuoso caminho do ‘rei Arthur’

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Diego Amorim
4 minutos de leitura 11.02.2022 15:47 comentários
Brasil

O tortuoso caminho do ‘rei Arthur’

Arthur Lira (foto), se for reeleito deputado federal por Alagoas, vai querer, claro, se reeleger também como presidente da Câmara no ano que vem, independentemente de quem assumir o Planalto. Geralmente, o tamanho das bancadas facilita ou não o caminho de quem quer chegar ao topo da Câmara -- ou, no caso, se manter lá. Atualmente, o PP, partido de Lira, tem 42 deputados: é a quarta maior bancada federal, atrás de PL (43), PT (53) e PSL (55)...

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Diego Amorim
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O tortuoso caminho do ‘rei Arthur’
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Arthur Lira (foto), se for reeleito deputado federal por Alagoas, vai querer, claro, se reeleger também como presidente da Câmara no ano que vem, independentemente de quem assumir o Planalto.

Geralmente, o tamanho das bancadas facilita ou não o caminho de quem quer chegar ao topo da Câmara — ou, no caso, se manter lá. Atualmente, o PP, partido de Lira, tem 42 deputados: é a quarta maior bancada federal, atrás de PL (43), PT (53) e PSL (55).

No ano passado, o deputado alagoano, com o apoio de Jair Bolsonaro, montou um blocão e derrotou com facilidade o grupo de Rodrigo Maia, quem sempre quis derrotar. Depois, colocou a mão no orçamento secreto e virou “o pai” das chamadas emendas de relator.

Em 2023, quando, em fevereiro, os deputados vão participar de nova eleição interna, o cenário para Lira será mais desafiador.

O PP, comandado pelo ex-lulista e ex-dilmista Ciro Nogueira, o senador licenciado do Piauí que assumiu a Casa Civil do governo Bolsonaro, não vai compor federação alguma. Um partido que tem bolsonaristas e lulistas com a mesma intensidade não conseguiria se aliar formalmente a nenhuma outra legenda por, no mínimo, quatro anos. Em voo solo, portanto, o PP corre o risco de perder alguma força como grupo político na Câmara.

A federação com partidos de esquerdaPT, PSB, PCdoB e PV –, se realmente vingar, tem potencial de formar um grupo consistente com pelo menos 120 deputados no ano que vem. No centro, MDB, PSDB, Cidadania e União Brasil (partido resultante da fusão do PSL com o DEM) também cogitam federação. Cada um desses dois blocos, a depender do tamanho real deles após as eleições de outubro, provavelmente terão algum nome para enfrentar o hoje todo-poderoso Lira.

Leia também: “O rei Arthur”

Se voltar ao poder, Lula, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto até aqui, certamente fará de tudo para ter um aliado na Presidência da Câmara — ainda que isso não elimine completamente a chance de apoio ao próprio Lira, hoje bolsonarista por conveniência.

Pelo menos em tese, portanto, em razão destes possíveis cenários — 1) outros blocos partidários tão fortes quanto o ‘Centrão raiz’; 2) e sem o apoio garantido do Executivo –, Lira não teria, em 2023, o mesmo senhorio para buscar a reeleição.

“A gente sabe que, nesse contexto, quem não formar federação corre algum risco de ficar menor. Mas Lira e Ciro não têm falado disso conosco. Compormos uma federação é algo impossível. Não há a menor condição de isso acontecer. O Ciro vai fazer o jogo de sempre, como tem feito a vida inteira, e cada estado vai tomar seu rumo”, disse, em reservado, um parlamentar do PP.

Para um outro parlamentar da sigla, “a vontade de deixar o Arthur [Lira] pequeno” também está na mesa de negociação dos outros partidos. “As federações, obviamente, estão sendo costuradas pensando na próxima legislatura, e não no quadro de hoje”.

Aliados fazem questão de ponderar que, mesmo em se confirmando o enfraquecimento do alagoano na comparação com a eleição do ano passado, que o alçou ao comando da Câmara pela primeira vez, Lira continuará sendo Lira: sedento por mais poder e em condições de jogar.

“Se o Arthur ficar solto, é claro que isso torna mais complicado o plano da reeleição. Mas é o Arthur, né? Um presidente da Câmara que ganhou muito poder com os colegas operando o orçamento secreto”, afirmou um deputado do PP em seu terceiro mandato.

Uma liderança política de outra legenda, porém, disse o seguinte: “Uma coisa é operar o orçamento secreto tendo o Executivo como parceiro. Hoje é automático e quem aperta os botões das emendas solicitadas por Arthur são dois aliados dele no Planalto: a Flávia [Arruda, ministra da Secretaria de Governo] e o Ciro [Nogueira, ministro da Casa Civil]. Sem o apoio do Executivo, seria outra coisa. E você acha que o Lula deixaria o orçamento secreto na mão do Arthur?”.

Leia também: STF forma maioria para rejeitar denúncia contra Arthur Lira na Lava Jato

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Diego Amorim

Se formou em jornalismo pela UnB. Trabalhou no Blog do Noblat e no Correio Braziliense. Gosta da notícia e dos bastidores dela em qualquer área. Entre outros prêmios, ganhou duas vezes o Esso de Informação Econômica e duas vezes o Embratel. Está em O Antagonista desde abril de 2016, quando se juntou à equipe para a cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, não tem dado sossego a políticos de todos os partidos em Brasília. É chefe de redação de O Antagonista em Brasília.

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