O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, declarou que a possível desfiliação do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP, foto) do partido está condicionada à aprovação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Valdemar afirmou que a decisão está nas mãos de Bolsonaro, sugerindo uma postura mais flexível em relação ao tema. Esta abertura pode facilitar a saída de Salles do partido, especialmente considerando a proximidade entre o deputado e o ex-presidente, que não deve se opor à mudança.

Ricardo Salles já iniciou conversas com Jair Bolsonaro, a O Antagonista, o deputado federal disse que: “Já conversei há mais de um mês e ele [Bolsonaro] entendeu perfeitamente [a vontade do deputado de deixar o PL]”

Agora, para bater o martelo, falta Salles conversar com Valdemar. O deputado tem uma proposta para se filiar ao partido Novo, com a intenção de disputar uma cadeira no Senado nas eleições de 2026.

A troca de partido é vista como estratégica tanto para Salles quanto para o Novo, que está ansioso pela chegada do deputado.

Urgência do partido Novo

O partido Novo tem pressa na filiação de Salles. Com a adesão do deputado, a legenda passaria a contar com cinco congressistas, um número que garantiria a participação de seus candidatos em debates televisivos durante as eleições municipais, conforme determina a legislação eleitoral.

Para que essa transição ocorra a tempo, Salles precisa oficializar sua filiação até o próximo sábado, 20, quando têm início as convenções partidárias.

Processo de refiliação de Salles ao Novo

O Partido Novo expressou oficialmente interesse no retorno de Salles, que foi expulso da sigla em 2020.

Contudo, para que a migração partidária ocorra sem riscos, é necessária a autorização de Valdemar Costa Neto evitando que Salles perca seu mandato de deputado.

“Eu ainda não consegui conversar com ele [Valdemar]. Estive na sede do PL ontem, 10, mas ele não estava“, disse Salles.

Questionado se Valdemar aceitaria liberá-lo para se filiar ao Novo, o deputado se demonstrou otimista e disse acreditar na autorização do presidente do PL.

Maria Helena beneficiada

Se a transferência de Salles para o Novo for concretizada até 20 de julho, Marina Helena, uma figura proeminente dentro do partido em São Paulo, seria diretamente beneficiada.

Com a refiliação de Salles, o Partido Novo alcançaria o número mínimo de parlamentares necessário para garantir visibilidade e participação em debates importantes no cenário eleitoral de 2024, fortalecendo sua posição e ampliando suas chances de sucesso nas urnas.

Ricardo Salles desiste de concorrer à prefeitura de SP

Em janeiro deste ano, Ricardo Salles desistiu de sua pré-candidatura a prefeito de São Paulo. O ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro tentava se cacifar como nome do bolsonarismo ao cargo.

Na época, a O Antagonista, o parlamentar confirmou a sua desistência a um acordo com a base do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Diante da declaração do Bolsonaro de que vai indicar o [ex-coronel da PM paulista] Mello Araújo como vice do Nunes, não me sobra outra alternativa“, disse Salles à reportagem.

Ele, no entanto, indicava que não tinha abertura dentro do PL para sua empreitada. O partido —e o próprio ex-presidente— apostaram suas fichas em Ricardo Nunes (MDB), o atual prefeito de São que concorre à reeleição em 2024.

Em junho do ano passado, quando a campanha ainda estava em caráter embrionário, Salles já havia indicado que desistiria da disputa. O motivo à época seria o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto.“Eu acho que eu já levei [a rasteira]. Claro, evidente”, disse o parlamentar à Jovem Pan. Quando perguntado se travava do mandachuva do PL, respondeu “exatamente”. Apesar disso, ele manteve seus planos.

Desta vez, os sinais foram mais claros de uma ingerência direta de Bolsonaro na candidatura de Nunes. Ao tratar da questão em uma live, o ex-presidente disse que, em São Paulo, “Vamos entrar com bom vice, que tenha boa rota”.