“O problema não é o presidente”, disse Dominguetti, em mensagem de WhatsApp
Mensagens obtidas pela CPI da Covid após quebra de sigilos e às quais O Antagonista e a Crusoé tiveram acesso confirmam os indícios de que o policial militar e suposto revendedor de vacinas Luiz Paulo Dominguetti tentou articular reuniões com o próprio Jair Bolsonaro e apostava que poderia contar com o apoio do presidente para tratar da oferta de imunizantes em meio à pandemia da Covid...
Mensagens obtidas pela CPI da Covid após quebra de sigilos e às quais O Antagonista e a Crusoé tiveram acesso confirmam os indícios de que o policial militar e suposto revendedor de vacinas Luiz Paulo Dominguetti apostava que poderia contar com o apoio de Jair Bolsonaro nas negociações de imunizantes em meio à pandemia da Covid.
Em uma conversa em 16 de março com um contato identificado no celular de Dominguetti como “Maria Helena Embaixada”, o cabo da PM fala da dificuldade em “segurar as vacinas e nossa parceira [com a] Davati [a empresa que diz representar]”. Maria Helena, então, afirma estar “clamando muito” pela situação e cita um possível encontro entre Bolsonaro e um reverendo.
O reverendo seria Amilton Gomes de Paula, um líder religioso ligado à Igreja Batista e apontado como o responsável por abrir as portas do Ministério da Saúde para Dominguetti.
“Ontem o rev esteve com o presidente”, escreveu Maria Helena na noite daquele dia 16.
Em resposta, Dominguetti afirma: “Sim. O problema não é o presidente. Mas o Ministério [da Saúde]. Lá é complicado”.
Maria Helena diz: “Continuemos orando”.
Dominguetti escreve que está “nos bastidores”, “lutando de unhas e dentes”, “enquanto tiver força e influência”.
No mesmo dia 16, à tarde, Dominguetti trocou mensagens também com “Renato Compra Vacinas Chapecó”, a quem indica que, “pelo andar da carruagem” no Ministério da Saúde, as negociações estariam travadas.
É quando “Renato Compra Vacinas Chapecó” diz:
“Lá, quando menos espera, sai. Ontem, o Amilton [seria o reverendo Amilton] falou com o Bolsonaro, ele falou que vai comprar tudo. (…) Se não comprar, não vai aguentar”.
Na véspera desses diálogos, em 15 de março, Jair Bolsonaro se reuniu, no Palácio do Planalto, com integrantes de igrejas evangélicas. Entre os participantes, estava o pastor Silas Malafaia, presidente do Conselho Intermodal de Ministros Evangélicos do Brasil. O reverendo Amilton, que é amigo de Malafaia, não aparece na lista de participantes que consta na agenda oficial de Bolsonaro.
Nesta quarta-feira (7), a CPI da Covid aprovou requerimento para ouvir o reverendo Amilton.
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