O Porto de Mariel e a matemática da Odebrecht
Se é para banalizar o adjetivo, como fizeram em relação ao encontro entre Obama e o tiranete cubano, histórico será o dia em que tivermos todas as informações sobre o financiamento do BNDES, no valor de 682 milhões de dólares, para a construção do Porto de Mariel, em Cuba -- de onde os cubanos poderão importar e exportar para o seu futuro maior e praticamente exclusivo parceiro comercial, os Estados Unidos, deixando os brasileiros literalmente a ver navios...
Se é para banalizar o adjetivo, como fizeram em relação ao encontro entre Obama e o tiranete cubano, histórico será o dia em que tivermos todas as informações sobre o financiamento do BNDES, no valor de 682 milhões de dólares, para a construção do Porto de Mariel, em Cuba — de onde os cubanos poderão importar e exportar para o seu futuro maior e praticamente exclusivo parceiro comercial, os Estados Unidos, deixando os brasileiros literalmente a ver navios.
Desde o ano passado, o Ministério Público Federal investiga o caso, e o BNDES recorre aos tribunais para esconder o jogo, assim como faz com a JBS/Friboi. Hoje, os procuradores tomaram um outro caminho: recomendaram formalmente ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, instância pela qual passou a aprovação do empréstimo ao projeto em Cuba, que abra os dados sobre a transação. Se o ministério não o fizer, o MPF irá acioná-lo na Justiça.
Quem recebeu a grana do BNDES foi a Odebrecht, que construiu o tal porto — e não empresta, mas dá a Lula. Em fevereiro do ano passado, quando foi aberta a investigação do Ministério Público, Marcelo Odebrecht assinou um artigo na Folha de S. Paulo, para dizer que não havia nada de escuso no fato de o BNDES manter sigilo sobre as condições do empréstimo.
A última frase do artigo foi: “Esse episódio me lembra aqueles que criticam a boa nota que o filho tirou em matemática, porque o garoto está indo mal em português. Pensando como brasileiro, proponho a identificação e o debate de nossos reais desafios e a escolha das batalhas certas para colocar nossas energias.”
O Antagonista sabe que, na matemática de Marcelo Odebrecht, o Tesouro Nacional fica sempre no vermelho para que a sua empreiteira fique no azul. Em bom português, isso é apropriação indébita de recursos públicos. Pensando como americanos, também propomos a identificação — digital e fotográfica — dos nossos reais desafios. Sem debate, só processo.
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