O me engana que eu gosto de Bolsonaro no caso da vacina
Depois que o Ministério da Saúde anunciou que comprará 46 milhões de doses da vacina da Sinovac, que serão produzidas pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que a vacina não será comprada pelo governo. Em seguida, no Facebook, ele postou: "A vacina chinesa de João Doria: Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada para a população, deverá SER COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE E CERTIFICADA PELA ANVISA. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem...
Depois que o Ministério da Saúde anunciou que comprará 46 milhões de doses da vacina da Sinovac, que serão produzidas pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que a vacina não será comprada pelo governo. Em seguida, no Facebook, ele postou: “A vacina chinesa de João Doria: Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada para a população, deverá SER COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE E CERTIFICADA PELA ANVISA. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina.” O que isso quer dizer? Que, passada o teatro eleitoreiro, o governo vai acabar comprando a vacina, com ou sem Eduardo Pazzuelo como ministro da Saúde.
Bolsonaro está jogando outra vez para a franja radical da turma dele nas redes sociais. A pegadinha é o pedaço em maiúscula. Obviamente, a “vacina chinesa de João Doria” terá de ser aprovada pela Anvisa, antes de ser aplicada na população, ninguém jamais disse o contrário. Assim como a “vacina de Bolsonaro”, produzida pelo AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, também terá de passar pelo crivo da agência de vigilância sanitária. Ambas estão em fase de testes e, portanto, não foram oficialmente aprovadas nem pelos fabricantes. Ou seja, Bolsonaro também comprou vacina ainda sem comprovação científica (e, lembre-se, distribui e recomenda cloroquina, remédio sem eficácia contra a Covid-19, como se fosse o “médico do Brasil”).
A franja bolsonarista vive na base do me engana que eu gosto, mas ela só tem importância mesmo para o presidente da República. Setenta por cento da população brasileira é favorável à obrigatoriedade de qualquer vacina contra a Covid-19 e 75% pretende tomar a vacina que estiver disponível. Como escrevi antes da divulgação da pesquisa do Datafolha, que trouxe esses números, os cidadãos vão correr para ser vacinados, não se importando com o fato de ser obrigatório ou não.
O fato de a maioria da população ter opinião contrária a Bolsonaro deveria levar o presidente a pensar se vale mesmo a pena o custo/benefício dessa patacoada. Afinal de contas, a franja do me engana que eu gosto cada vez diminui mais.
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