O impacto do desmatamento e da mudança climática na Amazônia O impacto do desmatamento e da mudança climática na Amazônia
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O impacto do desmatamento e da mudança climática na Amazônia

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4 minutos de leitura 12.07.2024 10:04 comentários
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O impacto do desmatamento e da mudança climática na Amazônia

O desmatamento, as queimadas e as mudanças climáticas estão alterando o regime hidrológico nos rios da Amazônia, levando a eventos extremos

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O impacto do desmatamento e da mudança climática na Amazônia
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom

O desmatamento, as queimadas e as mudanças climáticas estão entre as principais causas das alterações no regime hidrológico dos rios da Amazônia. Esses fatores têm tornado o ciclo hidrológico mais intenso nos últimos anos, resultando em cheias e secas mais severas com intervalos de tempo reduzidos. Em 2023, por exemplo, a região enfrentou uma seca histórica que causou a maior queda nos níveis dos rios já registrada. No Rio Negro, o nível da água no porto de Manaus chegou a 14,75 metros, o menor desde 1902.

O pesquisador Jochen Shöngart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), destaca que apenas nas duas primeiras décadas do século 21 foram registrados nove eventos de cheias severas, o mesmo número de eventos registrados ao longo de todo o século 20. Shöngart também apontou um aumento de 1,6 metro na amplitude das cheias e vazantes na Amazônia, o que afeta especialmente as áreas de florestas alagadas e as populações ribeirinhas.

Durante a 76ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Shöngart explicou que o curso de inundação, previsível e regular, é crucial para processos geomorfológicos, ciclos biogeoquímicos e para a biota adaptada a esse regime. Esse ciclo também influencia atividades econômicas como a agricultura e a pesca.

Impactos nas várzeas e populações ribeirinhas

Ayan Fleischmann, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, destacou que o aumento no regime de secas e cheias severas tem impactado significativamente as áreas de várzeas. Nos últimos anos, em 23% dessas áreas no baixo Amazonas, a duração do período de inundação aumentou em mais de 50 dias por ano.

Durante a seca de 2023, o Lago Tefé, no Médio Solimões, secou 75%, reduzindo seu nível em até 30 cm por dia. Esse evento extremo resultou na morte de 209 botos devido às altas temperaturas da água, que chegaram a 39,1°C em alguns lagos. Estudos do Mamirauá concluíram que os animais morreram de hipertermia.

Segundo Fleischmann, o cenário atual apresenta um contraste significativo, com mais chuvas na região norte da Amazônia e menos chuvas na região sul. Esse desequilíbrio pode ser explicado pelo desmatamento, queimadas e grandes projetos como hidrelétricas na parte sul, enquanto a parte norte permanece mais conservada. A diminuição das árvores reduz a evapotranspiração, afetando o regime de chuvas e aumentando a temperatura regional.

Em 2023, a seca isolou milhares de pessoas, dificultando o acesso a alimentos, medicamentos e água potável. Fleischmann ressaltou a necessidade urgente de criar programas de acesso à água na Amazônia, apesar da abundância de recursos hídricos na região.

Propostas para ajudar a Amazônia

Entre as ações sugeridas para mitigar os impactos das secas severas estão investimentos no abastecimento de água e tratamento de resíduos, construção de cisternas para captação de água da chuva e escavação de poços artesianos mais profundos. A Amazônia possui uma vasta reserva de água subterrânea na forma de aquíferos.

O professor Ingo Daniel Wahnfried, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), apontou que estudar o Aquífero Amazônia é desafiador devido à complexidade do sistema, composto por camadas de diferentes profundidades. Antes de perfurar poços para abastecimento, é essencial avaliar a vulnerabilidade do aquífero à contaminação por metais pesados e outras substâncias, especialmente em áreas urbanas.

Wahnfried explicou que os aquíferos contêm sedimentos que podem apresentar quantidades significativas de elementos químicos. Em algumas análises, foram detectados arsênio e manganês, elementos prejudiciais à saúde. A investigação dessas substâncias é crucial para garantir a segurança da água consumida pelas populações ribeirinhas e urbanas.

Com informações da Agência Brasil

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