Novo diretor adjunto da Abin criticou descaso de Lula pela agência no passado
Marco Cepik afirmou em artigo em 2020 que Lula e Dilma "não consideravam" a Inteligência como "uma prioridade"
O novo diretor adjunto da Abin, Marco Cepik (foto), criticou o descaso das gestões Lula e Dilma pelo setor de Inteligência.
A informação é do Globo.
O texto é um artigo em inglês datado de 2020.
Cepik, que é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirmou no texto que Lula e Dilma “não consideravam” a Inteligência como “uma prioridade”.
Segundo o texto, o governo federal só ampliou o investimento na área por receber a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas do Rio, em 2016.
Outro motivo para reverter o descaso foi a intenção dos governos em alcançar protagonismo no G20 e no Brics.
Cepik afirmou que “o sistema pode ter se tornado mais eficaz, mas as burocracias cada vez mais definiram as suas missões sem controle ou supervisão democrática externa”, devido ao fato de a Inteligência ter se expandido desproporcionalmente.
As instituições que mais ampliaram investimento na área foram as Forças Armadas e o sistema de Justiça criminal.
Demissão de Moretti
O governo Lula demitiu o último diretor adjunto da Abin, Alessandro Moretti, em reação aos últimos desdobramentos das investigações da Polícia Federal (PF) sobre a Abin paralela da gestão Bolsonaro.
A exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na terça-feira, 30 de janeiro.
Relatório do PF enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), obtido por O Antagonista nesta terça, aponta possibilidade de “conluio” entre integrantes atuais da Abin e os investigados.
“A preocupação de ‘exposição de documentos’ para segurança das operações de ‘inteligência’, em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin”, acrescenta a PF.
Moretti, que estava no cargo desde março de 2023, assumiu a Inteligência do Abin entre março de 2022 e o fim do governo Bolsonaro.
Ele será substituído pelo diretor da Escola de Inteligência da Abin, Marco Cepik.
Operação contra Carluxo
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o Carluxo, foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) no âmbito das investigações sobre a Abin paralela nesta segunda-feira, 29.
Foram executados oito mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Brasília, Formosa e Salvador.
Além de Carluxo, a PF também executou buscas contra dois assessores parlamentares e um policial federal. Os assessores e o agente da PF são apontados como intermediários entre a Abin e o vereador.
Segundo apurou O Antagonista junto a policiais federais, há a suspeita de que alguns relatórios paralelos da Abin foram produzidos a pedido de Carluxo justamente para atacar adversários políticos com uma estrutura montada no Palácio do Planalto.
Operação contra Ramagem
Agentes da Polícia Federal estão cumpriu 21 mandados de busca e apreensão no âmbito de investigações do caso da Abin paralela em 25 de janeiro. Dentre os alvos, estava o ex-diretor da agência no governo Bolsonaro, Alexandre Ramagem (PL; foto).
Como noticiou O Antagonista quando a espionagem ilegal foi revelada, em março, a Abin na gestão Bolsonaro usou de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis, como celulares e tablets, sem a devida autorização judicial e sem o conhecimento dos alvos.
As buscas desta quinta estão sendo conduzidas tanto no gabinete de Ramagem quanto em seu apartamento funcional na Câmara dos Deputados, segundo a Globo News.
Até o momento, os nomes dos demais envolvidos não foram divulgados.
Dos 21 mandados de busca e apreensão desta quinta, 18 são em Brasília, um na cidade do Rio de Janeiro e dois no estado de Minas Gerais (Juiz de Fora e São João del Rei).
Além das buscas, a Polícia Federal está adotando medidas alternativas à prisão, incluindo a suspensão imediata de sete policiais federais supostamente envolvidos no monitoramento ilegal.
Primeira Milha
Essa operação, denominada ”Vigilância Aproximada”, é um desdobramento da operação ”Primeira Milha”, que teve início em outubro com o objetivo de investigar o suposto uso criminoso da ferramenta de espionagem por geolocalização, chamada ”FirstMile”.
As investigações da Polícia Federal apontaram que o software adquirido pelo governo utilizava dados de GPS para monitorar ilegalmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes.
Segundo a gestão da Abin do governo Lula, o programa foi adquirido no final do governo Temer, poucos dias antes da posse de Jair Bolsonaro, e foi utilizado até parte do terceiro ano de seu mandato.
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