Na era da apoteose da superficialidade, CPIs já não têm tanta força Na era da apoteose da superficialidade, CPIs já não têm tanta força
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Na era da apoteose da superficialidade, CPIs já não têm tanta força

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Madeleine Lacsko
3 minutos de leitura 17.10.2023 17:31 comentários
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Na era da apoteose da superficialidade, CPIs já não têm tanta força

O relatório da CPMI do 8 de janeiro tem o indiciamento de um ex-presidente da República e de um punhado de comandantes militares...

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Madeleine Lacsko
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Na era da apoteose da superficialidade, CPIs já não têm tanta força
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O relatório da CPMI do 8 de janeiro tem o indiciamento de um ex-presidente da República e de um punhado de comandantes militares. Na era de ouro das CPIs, época do Mensalão, isso faria cair o mundo.

Há 15 anos, as Comissões Parlamentares de Inquérito passavam ao vivo nos telões dos bares. Ainda hoje fazem muito sucesso, mas por motivos diferentes. O que antes derrubava a República hoje virou mais um tipo de entretenimento.

Por um lado, se esgotou a confiança das pessoas nos resultados efetivos de CPIs. Todos aqueles personagens investigados, exibidos ao público, processados e presos estão de volta à cena política. Passamos do Mensalão à Lava Jato e preso mesmo não fica ninguém.

Por outro lado, o mundo mudou. Vivemos a era da economia da atenção, uma apoteose absoluta da superficialidade. Parlamentares não estão em comissões para investigar e conquistar protagonismo, estão apenas para fazer os vídeos de suas redes sociais.

A CPMI do 8 de janeiro mobilizou o noticiário e as redes sociais muito mais pelos barracos entre parlamentares do que por investigações em si. Isso não é só um reflexo dos novos tempos, também é uma escolha ativa dos parlamentares.

É possível alocar tempo e esforços em uma investigação aprofundada que mostre à sociedade algo completamente inédito. Dá um trabalho danado, exige gente especializada, é preciso trocar em miúdos para a imprensa e arruma muito inimigo.

Com muito menos esforço e sem criar inimizades, é possível estar na mídia e nas redes todos os dias. Basta ir à comissão causar, bater boca com alguém que já seja desafeto. A maioria faz isso e o público, idiotizado, aplaude.

Outro problema, este específico da CPMI do 8 de janeiro, é o das intenções. Essas investigações geralmente andam com a oposição querendo investigar até o último fio de cabelo e o governo não querendo investigar nada.

Aqui havia todo um xadrez. A oposição queria investigar as ações do governo Lula no dia fatídico, mas não queria o mesmo em cima dos bolsonaristas. O governo, além de proteger os seus, queria também avançar investigações para cima dos bolsonaristas. No frigir dos ovos, ficou melhor não investigar nada a fundo, não trazer muita coisa nova.

É a economia da atenção. Se o relatório final tem muito nome famoso, ninguém vai olhar a profundidade das investigações. Quando apresentado por uma leitura emocionada, cheia de considerações moralistas, ele atrai as atenções. Se aquilo se sustenta ou é capaz de gerar consequências, já são outros quinhentos.

As CPIs já fizeram muita gente tremer de verdade. Hoje, são acompanhadas como se fossem apenas um espetáculo. Talvez, infelizmente, estejam se moldando exatamente àquilo que o público espera.

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