Na contramão de bolsonaristas, deputados dizem que voto impresso é ‘mimimi’ para ‘tumultuar’
Na contramão do raciocínio dos colegas bolsonaristas, o deputado José Nelto (Podemos) disse a O Antagonista que discutir voto impresso agora é "alimentar uma narrativa trumpista" no Brasil. "O voto impresso e auditável é uma narrativa dos bolsonaristas para, se Jair Bolsonaro não for reeleito, tumultuarem o país...
Na contramão do raciocínio dos colegas bolsonaristas, o deputado José Nelto (Podemos) disse a O Antagonista que discutir voto impresso agora é “alimentar uma narrativa trumpista” no Brasil.
“O voto impresso e auditável é uma narrativa dos bolsonaristas para, se Jair Bolsonaro não for reeleito, tumultuarem o país. Simples assim. Discutir isso agora é alimentar uma narrativa trumpista para, lá na frente, eles alegarem que houve fraude e prepararem golpe.”
Nelto acrescentou:
“As urnas eletrônicas deram certo no Brasil. Não há fraude alguma comprovada. E mais: vamos gastar dinheiro com isso em um momento em que o país cortou até o censo? Eles querem é bagunçar o sistema eleitoral e nós não podemos permitir.”
O deputado do Podemos de Goiás ainda provocou os colegas:
“Quem foi eleito pelo sistema eletrônico e diz que esse sistema suscetível a fraudes deveria renunciar. Voto impresso é voto de cabresto.”
Júnior Bozzella (PSL) faz ressalvas semelhantes às de Nelto. Ele comentou com este site:
“O sistema eleitoral do Brasil é considerado um dos mais seguros e eficientes do mundo. Nunca tivemos indícios de fraude ou qualquer outra questão que justificasse a sua substituição. Tudo o que vem do Bolsonaro é dúbio e dissimulado. Ele opera nas sombras e nunca deixa aparente as suas reais intenções. A questão do voto impresso tem que ser amplamente debatida para termos certeza de que esse modelo dará mais segurança e agilidade às eleições ou se será apenas mais um instrumento para gerar instabilidade no processo eleitoral. Ou até para a tentativa de anulação de eleições legítimas, no caso de eventual derrota de Bolsonaro, a exemplo do que fez Donald Trump nos Estados Unidos. O bolsonarismo usa desse mesmo expediente. Temos que ter muita cautela para não institucionalizar um instrumento de judicialização da eleição, criando um impasse que poderia tumultuar a transição e, consequentemente, abalar a democracia no país.”
O deputado Rubens Bueno, vice-presidente nacional do Cidadania, tem raciocínio parecido:
“Quem sempre defendeu o voto impresso na última eleição, em sua maioria, era eleitor do presidente Bolsonaro. Depois que ele ganhou, esqueceram-se do assunto. Agora que Bolsonaro está ameaçado de não se reeleger, voltaram à carga. Quer dizer, então, que a eleição de Bolsonaro foi fraudada e não valeu? Tenha a santa paciência! Sou declaradamente contra o voto impresso, porque vivi e conheci muita fraude, roubalheira e mandatos comprados no mapa que era recolhido no interior do país com esse sistema. Hoje apoio 100% a urna eletrônica, que dá mais segurança e não permite tipo algum de manipulação, além de ser auditável. O resto é mimimi.”
Na última sexta-feira, como noticiamos, Luís Roberto Barroso disse não acreditar que haverá um ‘6 de janeiro’ no Brasil. A comissão especial da PEC do Voto Impresso, na Câmara, vai começar a funcionar hoje.
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