Mulher é demitida por criticar a própria empresa no TikTok
O caso foi julgado pelo TRT da Bahia, que manteve a demissão por justa causa da trabalhadora.
O episódio em que uma ajudante de cozinha foi demitida por justa causa após publicar, no TikTok, um vídeo com críticas à empresa evidencia como o uso das redes sociais pelo trabalhador pode impactar diretamente o contrato de trabalho.
O que foi decidido pela Justiça do Trabalho no caso do vídeo no TikTok
O caso foi julgado pelo TRT da Bahia, que manteve a demissão por justa causa da trabalhadora. A corte entendeu que o vídeo configurou falta grave e violou deveres básicos do contrato de trabalho, especialmente a confiança e o respeito mútuo entre as partes.
Embora o conteúdo tenha sido retirado do ar após advertência, pesou o fato de a gravação ter ocorrido no ambiente de trabalho, durante o expediente e com uso de uniforme. Esse contexto reforçou o vínculo com a empresa e foi interpretado como exposição pública da rotina interna e da conduta dos gestores.

Quando a demissão por justa causa envolve publicações em redes sociais
A demissão por justa causa é aplicada em situações graves, como atos de indisciplina, mau procedimento ou violação de sigilo. No ambiente digital, postagens e vídeos podem ser considerados extensão do comportamento do trabalhador, sobretudo quando identificam, direta ou indiretamente, o empregador.
No caso analisado, o tribunal enquadrou a conduta como “mau procedimento”, entendendo que o vídeo associou a gestão a maus-tratos e falta de respeito sem comprovação interna. Mesmo com pouco alcance, a mensagem foi vista como potencialmente lesiva à reputação da organização.
Como a Justiça analisa críticas à empresa em vídeos e postagens
Em processos semelhantes, juízes avaliam o teor da mensagem, o alcance da publicação, a forma de identificação da empresa e o histórico do empregado. Críticas genéricas ou construtivas tendem a ser tratadas de forma mais branda que acusações graves, ofensas ou divulgação de informações internas sigilosas.
No caso da ajudante de cozinha, o TRT-BA considerou relevantes alguns fatores que aumentaram o risco de dano à imagem corporativa e reforçaram a gravidade da conduta nas redes sociais:
- Uso de uniforme e identificação do local de trabalho;
- Gravação durante o horário de serviço e dentro do estabelecimento;
- Conteúdo associado a maus-tratos, desrespeito ou ofensas à gestão;
- Histórico de outras gravações no ambiente da empresa;
- Alcance e possibilidade de compartilhamento do vídeo em plataforma aberta.
Quais cuidados o trabalhador deve ter ao usar redes sociais
A expansão de plataformas como TikTok e Instagram exige maior atenção do trabalhador ao publicar conteúdos que possam envolver o emprego. A liberdade de expressão convive com deveres contratuais de lealdade, respeito e confidencialidade, que podem ser violados por um simples “desabafo” público.

Para reduzir o risco de conflitos trabalhistas e eventuais punições, alguns cuidados são recomendados em situações de insatisfação ou denúncia sobre o ambiente de trabalho:
- Evitar gravações no ambiente da empresa sem autorização, especialmente durante o expediente.
- Não usar uniforme ou elementos que identifiquem claramente o local de trabalho.
- Priorizar canais internos de reclamação, como RH, ouvidoria ou sindicato.
- Abster-se de xingamentos e acusações graves a colegas, gestores ou à empresa.
- Conhecer políticas internas de redes sociais previstas em regulamentos ou códigos de conduta.
Como equilibrar liberdade de expressão e dever de lealdade no trabalho
O caso julgado pelo TRT-BA mostra que não existe fórmula única para definir o limite entre o direito de se expressar e o dever de preservar a relação de emprego. Cada situação é examinada conforme o contexto, o conteúdo publicado e o impacto potencial da mensagem sobre a imagem da empresa e das pessoas envolvidas.
A orientação de especialistas é priorizar meios formais para relatar abusos ou problemas internos, garantindo registro adequado e proteção jurídica. Assim, busca-se evitar que um vídeo ou postagem impulsiva em rede social resulte em demissão por justa causa e em uma longa disputa judicial.
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