Mourão, o crítico de arte
Em artigo na Crusoé, o escritor Jerônimo Teixeira comenta a declaração do vice-presidente Hamilton Mourão (foto) sobre um trecho polêmico do filme “A Fúria”, de Ruy Guerra. As imagens da produção cinematográfica, que circularam nas redes bolsonaristas, mostram um personagem semelhante ao presidente Jair Bolsonaro tombado durante uma motociata...
Em artigo na Crusoé, o escritor Jerônimo Teixeira comenta a declaração do vice-presidente Hamilton Mourão (foto) sobre um trecho polêmico do filme “A Fúria”, de Ruy Guerra. As imagens da produção cinematográfica, que circularam nas redes bolsonaristas, mostram um personagem semelhante ao presidente Jair Bolsonaro tombado durante uma motociata, vítima de assassinato.
“Isso não é arte!”, escreveu Mourão no Twitter.
Para Jerônimo Teixeira, “é a indignação, e não a ironia, que dá o tom da crítica de Mourão”.
“Ao falar em estímulo à violência, Mourão confunde a representação de um assassinato com a incitação a esse crime. Ele está muito perto de afirmar que Crime e Castigo incentiva jovens a assassinarem velhinhas. O tom furibundo do tuíte deve-se, claro, ao fato de que a vítima do “suposto assassinato” é uma figura que, do terno ruim ao corte de cabelo brega, imita o estilo de Bolsonaro. Mas alguém terá se sentido motivado a cometer um atentado contra o presidente só porque viu um vídeo curto no Twitter? Duvido. Em 2010, a 29a Bienal de Arte de São Paulo expôs desenhos do pernambucano Gil Vicente (homônimo do grande poeta e dramaturgo português) nos quais o próprio artista aparece assassinando figuras da política nacional e internacional. Em uma dos quadros, ele atira na cabeça de Fernando Henrique Cardoso; em outro, degola Lula. Essas obras são arte? Eu diria que são má arte, não porque representem atos violentos contra pessoas reais, mas porque o traço realista grosseiro carrega um pesado elemento kitsch. Diante delas, o visitante terá sentido vontade de xingar os curadores da bienal, não de matar FHC ou Lula.”
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