Mourão admite conspiração "tabajara", mas ignora evidências contra Braga Netto Mourão admite conspiração "tabajara", mas ignora evidências contra Braga Netto
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Mourão admite conspiração “tabajara”, mas ignora evidências contra Braga Netto

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Alexandre Borges
4 minutos de leitura 16.12.2024 06:45 comentários
Brasil

Mourão admite conspiração “tabajara”, mas ignora evidências contra Braga Netto

O senador elogiou a postura do general Freire Gomes, então comandante do Exército, por rejeitar apelos golpistas

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Alexandre Borges
4 minutos de leitura 16.12.2024 06:45 comentários 1
Mourão admite conspiração “tabajara”, mas ignora evidências contra Braga Netto
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente no governo de Jair Bolsonaro, reconheceu em entrevista ao jornal O Globo a existência de articulações golpistas por parte de militares após a derrota do ex-presidente para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

Mourão minimizou a gravidade das ações, classificando-as como uma “conspiração tabajara” e destacando que “não houve ação” por parte das Forças Armadas, que, segundo ele, “atuaram dentro da legalidade”. O senador elogiou a postura do general Freire Gomes, então comandante do Exército, por rejeitar apelos golpistas, afirmando que uma tentativa de reverter o resultado das eleições pela força lançaria o país no caos.

A entrevista de Mourão ocorre em um momento de grande tensão política, marcado pela prisão do general Walter Braga Netto no último sábado, 14, como parte da Operação Contragolpe da Polícia Federal.

A operação investiga o planejamento de um golpe de Estado que incluiria a tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Braga Netto é apontado pela PF como figura central no plano, desempenhando papel de liderança, organização e financiamento.

De acordo com as investigações, o general teria participado de reuniões estratégicas em sua residência, coordenado ações para pressionar a Aeronáutica e o Exército a aderirem ao golpe, além de chefiar o gabinete de crise que seria instaurado após a execução do plano.

As acusações detalham que Braga Netto financiou ações ilícitas, entregando recursos em uma sacola de vinhos, e tentou interferir nas investigações ao buscar informações sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

Além disso, ele teria mantido os envolvidos informados e participado ativamente da elaboração do plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado em dezembro de 2022. Braga Netto foi indiciado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e participação em organização criminosa, podendo enfrentar penas de até 28 anos de prisão.

Apesar das evidências, Mourão desdenhou da seriedade das ações, descrevendo-as como “conversas de WhatsApp” e afirmando que “golpe não funciona assim”. Ele também criticou a prisão de Braga Netto, considerando-a precipitada e um “atropelo às normas legais”. Mourão rejeitou as acusações de que teria participado de reuniões conspiratórias, alegando que sua agenda é pública e que tais insinuações são absurdas.

Em contraste, o presidente Lula, em pronunciamento no Hospital Sírio-Libanês no domingo, 15, onde se recupera de uma cirurgia, defendeu o direito à presunção de inocência para Braga Netto, mas afirmou que eventuais crimes contra a democracia devem ser punidos com rigor. Lula destacou que, ao contrário do que ocorreu em seu próprio caso, deseja que os acusados tenham seus direitos respeitados.

O presidente foi enfático ao afirmar que “não é possível admitir” que militares de alta patente tramem contra a democracia. Lula também reforçou seu compromisso em reconstruir o país até o fim de seu mandato, prometendo um Brasil mais justo, com respeito às instituições e livre de fake news e discursos de ódio

“Seus problemas acabaram!”

Ao classificar as articulações golpistas como uma “conspiração Tabajara”, Mourão fez referência às icônicas “Organizações Tabajara”, uma criação humorística do programa Casseta & Planeta, Urgente! exibido na TV Globo entre os anos 1990 e 2000.

No programa, as “Organizações Tabajara” eram uma sátira de empresas que ofereciam soluções absurdas, ineficazes e caricaturais para problemas cotidianos, sempre acompanhadas do slogan “Seus problemas acabaram!”.

A comparação, feita de forma irônica, busca reduzir a seriedade das articulações investigadas, insinuando que os planos não passaram de ideias amadoras e desconexas, sem real capacidade de execução. No entanto, a desqualificação contrasta com a gravidade das evidências apontadas pela Polícia Federal, que inclui planejamentos detalhados e acusações de financiamento e organização ativa para promover um golpe de Estado.

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Comentários (1)

Luis Eduardo Rezende Caracik

16.12.2024 08:21

General Mourão, cuja única contribuição foi perspegar o apelido de bananinha ao filho de Bolsonaro, poderia agora passar para o lado certo da história ao invés de ficar aplicando panos quentes aos conspiradores colegas de farda.


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