Moraes abre novo inquérito sobre os irmãos Brazão
Domingos e Chiquinho Brazão agora são investigados também por suposta prática de obstrução da investigação do caso Marielle
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um segundo inquérito sobre os irmãos Domingos (foto) e Chiquinho Brazão no âmbito das investigações sobre o assassinato da ex-vereadora carioca Marielle Franco.
A dupla agora é investigada também por suposta prática de obstrução da investigação do caso Marielle.
Os delegados Rivaldo Barbosa e Gilson Lages e o comissário da Polícia Civil do Rio de Janeiro Marco Antônio de Barros Pinto também são alvos do novo inquérito.
O despacho de Moraes é desta terça-feira, 18 de junho.
Brazãos viraram réus no inquérito principal?
Ainda nesta terça, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar os irmãos Brazão réus pelos crimes de homicídio e integrar organização criminosa no caso Marielle.
Moraes afirmou em sua manifestação que um conjunto probatório mais robusto ainda será levantado nas demais fases do processo contra os irmãos. Apesar disso, ele declarou em seu voto que os elementos trazidos pela Polícia Federal (PF) na fase final da investigação são o suficiente para que ambos sejam considerados réus.
“Há provas suficientes de autoria e materialidade e a PGR expôs os fatos criminosos, a qualificação dos acusados. Se esses indícios serão confirmados durante a ação penal, para isso teremos o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa aos acusados. A denúncia descreveu de forma coerente e pormenorizada os supostos crimes cometidos, os homicídios consumados e tentados, além de organização criminosa”, disse o magistrado.
“Além da detalhada narrativa feita pelo colaborador Ronnie Lessa, nós temos, aqui fiz questão de trazer no voto e indicar a vossas excelências duas tabelas de referências de indícios e provas trazidas aos autos pela Polícia Federal durante a investigação que corroboram essas afirmações do colaborador”, declarou Moraes em referência à colaboração do ex-policial, tida como determinante para a elucidação do crime.
Entre os documentos, segundo Moraes, estão quebras de sigilos telemáticos e quebra de sigilos bancários envolvendo os irmãos Brazão.
“Há a existência de fortes indícios do crime de organização criminosa, mas também do crime de homicídio com motivação política arquitetado no segundo semestre de 2017”, declarou Moraes.
Dino impedido?
Durante o julgamento da abertura da ação penal, a defesa dos irmãos Brazão suscitaram um eventual impedimento do ministro Flávio Dino, que atuou no Ministério da Justiça na fase final da investigação. Moraes, no entanto, afastou essa possibilidade argumentando que o ex-ministro da Justiça não teve gerência direta no levantamento de provas contra os irmãos Brazão.
Os irmãos Brazão foram presos em 24 de março após operação conjunta da Procuradoria-Geral da República, do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Federal.
Além dos irmãos, Rivaldo Barbosa ex-chefe de Polícia Civil do Rio também fo preso.
Impunidade aos irmãos Brazão
Domingos Brazão havia sido preso pela Lava Jato cerca de um ano antes, em 29 de março de 2017, durante a Operação Quinto do Ouro, desdobramento da força-tarefa anticorrupção no Rio de Janeiro.
Vereador, deputado estadual por cinco mandatos consecutivos (1999-2015) e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) eleito em 2015 pela maioria dos pares na Assembleia Legislativa fluminense (Alerj), ele foi alvo de mandado de prisão temporária, junto a quatro outros conselheiros, no âmbito de investigação de fraude e corrupção no tribunal.
A operação teve como base a delação premiada de Jonas Lopes, ex-presidente do TCE, e também atingiu o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani.
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