A “minuta final” que a PF encontrou na sede do PL
Documento apócrifo na sede do PL indicaria necessidade de restauração da segurança jurídica e ação "incondicional dentro das quatro linhas"
A Polícia Federal encontrou, nos arquivos apreendidos na sede do Partido Liberal (PL) nesta quinta-feira, 8, um texto que seria a “minuta final” de um golpe de Estado. Com sua leitura e validação pelo então presidente Jair Bolsonaro, haveria a decretação de um estado de sítio no país.
As informações são do G1.O documento foi apreendido como parte da operação Tempus Veritatis, a principal investida contra Jair Bolsonaro e o alto escalão de seu governo pelo planejamento de um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.
Os fragmentos indicam que o texto se trata de um discurso que seria lido por Bolsonaro. Há trechos que se assemelham aos chavões do ex-presidente: “Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio e, como ato contínuo, decreto operação de garantia da lei e da ordem”, lê-se no último parágrafo.
O objetivo era impedir a diplomação e posse de Lula, revertendo os resultado eleitoral. A operação de hoje levou preso o assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe G. Martins, além de Valdemar Costa Neto (foto), o presidente do PL, por estar com uma arma sem seu devido registro. Ele também foi pego com ouro de origem ilegal no escritório do PL.
Bolsonaro solicitou alterações em minuta
Em seu pedido para o Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal se baseou na colaboração premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, mas afirmou ter corroborado o relato com outros elementos.
“O então Presidente JAIR BOLSONARO teria solicitado a FILIPE MARTINS que fizesse alterações na minuta, tendo o mesmo retornado alguns dias depois ao Palácio do Alvorada e alterado o documento conforme solicitado. Após a apresentação da nova minuta modificada, JAIR BOLSONARO teria concordado com os termos ajustados e convocado uma reunião com os Comandantes das Forças Militares para apresentar a minuta e pressioná-los a aderirem ao Golpe de Estado”, diz o relatório da PF.
“Conforme expostos, os elementos de prova colhidos, por meio de diligências investigativas, corroboraram os elementos trazidos pela colaboração” de Mauro Cid “e avançaram em demonstrar que a atuação de FILIPE MARTINS nos episódios releva que o ex-assessor exercia posição de proeminência nas tratativas jurídicas, através da intermediação com pessoas dispostas a redigir os documentos que atendessem aos interesses do grupo mais radical.”
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