Mario Sabino: Hebe e a dica sobre a Odebrecht
"Ao navegar no Twitter numa das minhas madrugadas insones, deparei com a entrevista da apresentadora Hebe Camargo ao programa Roda Viva, em 1987", conta Mario Sabino na Crusoé desta semana..
“Ao navegar no Twitter numa das minhas madrugadas insones, deparei com a entrevista da apresentadora Hebe Camargo ao programa Roda Viva, em 1987”, conta Mario Sabino na Crusoé desta semana. “Apenas uma mulher figurava entre os entrevistadores, mas a entrevistada nocauteou todos os homens presentes”.
“A minha primeira entrevista publicada na Veja foi com ela, em 21 de dezembro de 1994. Hebe estava com 65 anos e completava meio século de carreira (…)”.
Em certo momento da entrevista, ocorreu este diálogo:
“A senhora vive numa bela casa de muros altos, tem uma valiosa coleção de joias e costuma gastar em restaurantes quantias inimagináveis para os moradores das favelas que existem não muito longe do seu jardim. O abismo entre as classes sociais brasileiras não lhe parece extremamente profundo?
Hebe: Nunca escondi o fato de viver na opulência. Só que o meu padrão de vida foi conquistado à custa de trabalho. Posso ostentar minhas joias porque paguei por todas elas. No meu tempo não existia a Odebrecht. O abismo social existe, é claro, mas acho que também é muito fomentado. Hoje, ninguém tem o direito de melhorar. Quem sobe na vida é olhado com desconfiança.
(Sim, senhores, Hebe disse que, no tempo dela, “não existia a Odebrecht”. Foi mais uma a dar a dica onze anos antes da eclosão do mensalão — e ninguém foi atrás, alguns por conveniência. Os burros éramos nós, não ela, tantas vezes depreciada por jornalistas e intelectuais.)”.
LEIA AQUI a coluna na íntegra na Crusoé desta semana.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)