Marina atribui aumento de queimadas no Brasil a ‘fatores externos’
Ministra do Meio Ambiente afirma que 'graças a Deus' esteve à frente da pasta diante da crise climática brasileira
Uma das questões respondidas pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, mostra que a ministra faz exercícios de “autorreflexão”. A análise de Marina, no entanto, não parece diminuir o desgaste gerado em torno de sua imagem desde que o número de queimadas no Brasil disparou sob o governo Lula.
Um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra que o registro de queimadas no Brasil em 2024 [um total de 17.551 até maio] só é maior que o índice de 2003 [17.282], quando a ministra do Meio Ambiente também era Marina Silva.
Questionada pela oposição sobre os índices alarmantes, Marina Silva reproduziu, aos deputados, o resultado de um diálogo interno: “O que eu diria para mim mesma? Graças a Deus eu estava lá [durante os registros alarmantes de queimadas]”.
E acrescentou: “Agradeço a Deus por ser eu e essa equipe que estamos a frente do Ministério do Meio ambiente, agradeço imensamente a Deus. Porque colocar o plano de pé, depois dele ter sido destruído, e reduzir desmatamento em 50%. […] Eu agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar nesse lugar e eu tenho um bordão que me conforta: eu prefiro receber injustiça do que praticar injustiça”.
Além de apresentar otimismo sobre seu papel na contenção das queimadas, Marina atribuiu a “fatores externos” a motivação para o número de queimadas no Brasil. “Chegamos em 2024 tendo acontecido algo que a ciência achava que só ia ocorrer em 2028, que é a elevação da temperatura da terra”, destacou a ministra.
Segundo ela, o atraso na adoção de providências pelos governos dos Estados também contribuiu para o cenário atual. “Infelizmente alguns Estados só publicaram o decreto de proibição do fogo quando incêndios já estavam em uma situação muito elevada”, destacou.
Divã com Ricardo Salles
O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (NOVO-SP) disse à Marina Silva que procura ser “honesto intelectualmente e menos venal” na avaliação sobre o desempenho da ministra, em comparação às críticas que sofreu quando chefiava a pasta ocupada por ela atualmente.
“Como ex-ministro farei críticas levando em consideração a generosidade, respeito e verdade. Muitas das dificuldades que a senhora está passando, eu passei na época do ministério. […] Uma série de problemas recorrentes que a senhora, evidentemente, tem que lidar com eles também. E novamente está recebendo um problema gerado pelos seus colegas de governo, que não lhe dão os recursos e o apoio necessário”, afirmou o deputado.
O deputado acrescentou que as secretarias do Meio Ambiente nos estados e outros órgãos ambientais são compostos por “xiitas”, que atrapalham os resultados das ações pela contenção das queimadas. “Não deixam usar o retardante de fogo, que é um produto cujo a composição é parecida com o fertilizante. Eu me lembro quando fomos testar o retardante de fogo, o ICMBIO parecia que estava testando uma bomba atômica, uma criação de caso”.
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