Márcio Coimbra na Crusoé: Mensagem das águas
O desastre que se abateu sobre o Rio Grande do Sul é uma mensagem que havia sido telegrafada há tempos, porém negada pelas autoridades
Em sua coluna para Crusoé, Márcio Coimbra escreve sobre a tragédia do Rio Grande do Sul que sofre a dias com enchentes. Segundo ele, o que aconteceu no estado gaúcho havia sido prevista há tempo, mas ninguém e nenhum governo tomou providência para evitar o pior,
O desastre que se abateu sobre o Rio Grande do Sul é uma mensagem que já havia sido telegrafada há tempos, porém negada e rejeitada pelas autoridades. Os sinais de que a natureza reagiria com fúria aos erros e excessos em seu entorno estavam desenhados. Esta enchente de proporções épicas foi precedida por outras e significa um alerta para as próximas que devem chegar. Negar esta realidade é flertar com a irresponsabilidade, o risco e o perigo de perder vidas e dilacerar os pilares de uma economia sustentável.
Porto Alegre é banhada por um lago, chamado Guaíba, que recebe cinco afluentes, chamados de Gravataí, Taquari, Caí, Jacuí e Sinos. Esse lago se encaminha para a Lagoa dos Patos, que deságua no oceano. A enchente em Porto Alegre acontece na medida que o volume de água dos afluentes aumenta em razão das chuvas e a capacidade do lago atinge seu limite, transbordando para dentro da cidade.
A falta de estrutura para evitar a crise nos leva inevitavelmente a um ponto de reflexão que vai muito além do Rio Grande do Sul. A ocupação de encostas no Rio de Janeiro, a contaminação do Rio Doce por dejetos em Minas Gerais e tantas outras ações como construção de cidades em planícies de inundação, são ações que acabam por cobrar um alto preço, na medida que o descuido e o negacionismo se tornam moeda corrente em nossas políticas públicas.
Inundações, contudo, são os eventos naturais que mais geram danos e custam vidas pelo mundo. Os maiores riscos estão na Ásia, porém, as vítimas estão por todos os cantos do planeta. Segundo estudo do Banco Mundial, estamos falando de 4.500 ocorrências nas últimas décadas, que tiraram a vida de mais de 250 mil pessoas. A pesquisa, entretanto, traz um dado interessante, um aumento de 180% na média deste tipo de ocorrência desde 2010. Um dado que merece nossa reflexão.
Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)