Marcelo e Emílio Odebrecht aliviam para Lula
Em mais de duas horas de depoimento, hoje, à Justiça Federal de Brasília, Marcelo Odebrecht disse que nunca tratou de atos ilícitos diretamente com Lula...
Em mais de duas horas de depoimento, hoje, à Justiça Federal de Brasília, Marcelo Odebrecht disse que nunca tratou de atos ilícitos diretamente com Lula.
Afirmou que as tratativas com o ex-presidente eram feitas por seu pai, Emílio — que, há cerca de um mês, também negou ter oferecido ou recebido pedido de propina do ex-presidente.
Os depoimentos foram dados no âmbito de uma ação que acusa Lula e Paulo Bernardo de receberem R$ 64 milhões, em 2010, em contrapartida à ampliação de uma linha de crédito do BNDES para obras em Angola — financiamento que era negociado pela Odebrecht desde 2007.
Hoje, Marcelo Odebrecht disse que Lula aprovaria o crédito com ou sem propina.
“O presidente Lula tinha entendimento da importância da exportação de bens e serviços. Então, ele defendia e brigava com toda a burocracia para poder fazer acontecer o financiamento das exportações, porque ele sabia da importância desse assunto para o Brasil”, disse.
“Então, eu não acho que o Lula atuava nas aprovações de linha de crédito para defender interesse da Odebrecht ou qualquer outra. Acho que atuação dele era legítima, que ocorreria com ou sem esse rebate [propina]”, afirmou Marcelo Odebrecht no depoimento.
Várias vezes, ele repetiu que o crédito de R$ 64 milhões na conta Italiano foi negociado por Paulo Bernardo, à época ministro do Planejamento. O dinheiro seria usado para bancar campanhas do PT, inclusive de Gleisi Hoffmann, por autorização de Antonio Palocci.
Segundo Marcelo Odebrecht, Bernardo foi o interlocutor de Lula para tratar do assunto. Mas disse que isso era o que ouvia de seu pai.
A conta Italiano, mantida pela própria companhia em favor do PT, chegou a um saldo de R$ 300 milhões, sendo abastecida em outras ocasiões em contrapartida a favores do governo — como a aprovação do Refis da Crise, parcelamento de dívidas tributárias em 2009.
Saiu da conta Italiano, por exemplo, o dinheiro para bancar obras no sítio de Atibaia e para comprar um terreno para o Instituto Lula.
Marcelo Odebrecht disse no depoimento que a conta “pertencia em última instância a Lula”, mas disse que todas as tratativas para creditar propina nela se deram com Paulo Bernardo, Palocci e também Guido Mantega.
O delator parece agora querer aliviar para o ex-presidente, direcionando as acusações para os ex-ministros do PT.
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