Magno Karl na Crusoé: Nas municipais, soluções sem recursos
"No próximo ano, a política diminuirá o seu ritmo para que possamos falar muito sobre política. É a sina dos anos pares: mesmo que necessárias, reformas impopulares são adiadas, pois...
“No próximo ano, a política diminuirá o seu ritmo para que possamos falar muito sobre política. É a sina dos anos pares: mesmo que necessárias, reformas impopulares são adiadas, pois não é hora de se pensar no futuro, apenas nas eleições. Mesmo assim, em termos comparativos, as eleições municipais seguem sendo a prima pobre dos pleitos nacionais: o esvaziamento dos cofres das prefeituras e a concentração da atenção na capital federal faz com que as disputas se transformem em pleitos de segunda categoria. Mais um, entre os erros cruéis da nossa democracia”, escreve Magno Karl, diretor-executivo do Livres, na edição especial de fim de ano de Crusoé.
O ensaio, intitulado “Eleições municipais: recursos limitados e soluções criativas”, segue:
“As grandes questões da gestão pública brasileira estão sendo operadas nos municípios. E a inversão de proporção entre o percentual dos impostos coletados que permanecem sob gestão local, aproximadamente 5%, e as expectativas e cobranças da população sobre prefeitos e vereadores fazem com que esses sejam dos cargos eletivos mais ingratos do nosso sistema. Para a maioria das cidades brasileiras, a situação é grave: a cada quatro anos, seus eleitores vão às urnas escolher um político para ir a Brasília atrás de recursos com o pires na mão.
Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, mais da metade dos municípios brasileiros estão no vermelho. Muitos são altamente dependentes de repasses e não possuem arrecadação nem mesmo para a manutenção da sua Prefeitura e Câmara dos Vereadores. Recentemente, 2 mil gestores municipais foram a Brasília com o pires na mão, buscar mais verbas. Um indicador da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), divulgado em outubro, mostrou que 42% dos municípios brasileiros têm situação financeira difícil ou crítica. Apesar de o número indicar melhora nos últimos anos — o pior resultado ocorreu em 2017, quando o número chegava a 82% — a expectativa é de piora para os próximos anos.”
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